Muito se especulou sobre a entrada do ex-presidente Michel Temer no governo Bolsonaro. Antes mesmo do grande descrédito que cada vez mais se abate sobre o chanceler Ernesto Araújo, seu nome já era cotado para substituí-lo.
Mas é difícil tirar algo do ex-presidente, exceto algumas citações em latim.
Na entrevista que concedeu à revista PODER de dezembro/janeiro, ele refutou dizer que entraria no governo, ainda que o aprove.
Ironicamente, ele agora está do lado negro da força, digamos assim. É que depois de ter sido proscrita por Donald Trump, proibida por Boris Johnson e colocada em dúvida por Bolsonaro, a Huawei, a empresa chinesa que é um dos players globais da tecnologia 5G, contratou Michel Temer.
Segundo o fiel marqueteiro do ex-presidente, Elsinho Mouco, é um contrato para um simples “parecer jurídico”, produto da expertise constitucionalista de Temer.
Nenhuma menção ao trânsito do ex-presidente com o governo e com a agência à qual cabe cuidar do leilão 5G, a Anatel, que teve membros nomeados por Temer em 2018.
O leilão, previsto para 2021, ensejará uma viagem à Finlândia, Coreia do Sul e China, países dos proponentes, por parte do ministro das Comunicações, Fábio Faria, no começo de fevereiro.
“A disputa agora é pela vida, pelas vacinas. Vamos deixar a disputa de 22 para 2022”, disse o ex-presidente, numa tentativa algo obscura de despiste.