Ernesto Araújo

Ernesto Araújo || Crédito: Marcello Casal Jr/Agência Brasil

Pressionado, ministro das Relações Exteriores deixa passar batido primeiro dia de Biden; chanceler não se manifesta no Twitter desde segunda, quando saudou medida de Trump

O presidente Jair Bolsonaro parabenizou Joe Biden perto das 18h, muito mais tarde do que os presidentes da Câmara e do Senado, Rodrigo Maia e Davi Alcolumbre. A única manifestação e Bolsonaro pela manhã no Twitter havia sido para celebrar um leilão, ainda não realizado, de concessão logística.

Até 18h30, o ministro Ernesto Araújo, das Relações Exteriores, não havia se manifestado. Sua última postagem celebra um ato de Donald Trump, que voltou a autorizar a entrada de brasileiros nos Estados Unidos.

A fidelidade a Trump e o desdém por Biden fizeram de Araújo um “pato manco” no governo. “Pato manco” é a expressão usada pela imprensa americana para designar o presidente que está para sair do cargo, quando já não tem qualquer força popular nem congressual.

Agora, as pressões pela substituição de Araújo são grandes.

Aliados dizem que é preciso dar uma guinada na política externa e até no Itamaraty a leitura é de que o governo errou feio na relação com a China, o país que tem na mão os insumos tão ansiados pelo Brasil para a produção das vacinas contra a Covid-19.

Mas vale lembrar que Ernesto seguiu à risca a cartilha de Bolsonaro.

Aliás, o presidente confia tanto no taco de Ernesto, que assessores palacianos estão prontos para afirmar tratar-se de “perseguição dos críticos ao governo”.

Talvez o senador Marquinhos Trad, do tão amigável PSD, presidente da comissão de Relações Exteriores do Senado, possa então ser considerado perseguidor. Ele disse hoje que cabe um “gesto de aproximação” do Brasil com a administração Biden.