O presidente Lula inovou em seu programa semanal desta terça-feira (5). Sua live, um monólogo, ou melhor, um diálogo com o jornalista ex-TV Globo Marcos Uchôa, também contou com um ministro do governo, Camilo Santana, da Educação, ex-governador e senador licenciado pelo Ceará.
Nisso, Lula se aproxima outra vez de Jair Bolsonaro, o introdutor das lives semanais presidenciais, que sempre tinha ministros ou outras figuras de seu governo como escadas. Hors-concours nesses papeis eram o ex-ministro do Turismo, Sanfoneiro Gilson Machado, e o ex-presidente da Caixa Pedro Guimarães, que acabou réu por assédios sexual e moral após denúncias de subordinados no banco público.
Mais uma vez Lula passeou por temas sem muita roteirização, mas, claro, a ênfase foi em educação, aproveitando a presença do ministro Santana, que listou números gerais de obras de escolas, valores para transporte escolar e alimentação – Lula, aliás, corrigiu a palavra “merenda”, utilizada por Uchôa. O presidente, talvez querendo fazer um aceno a um eleitorado mais liberal, fez fé ainda no ensino técnico, objeto de programa específico, dizendo que seus filhos, que fizeram “humanas”, não tinham especialização para desempenhar profissões.
Já para o final da live, Lula sacou do colete uma crítica à transparência dos julgamentos do STF, que, para ele, pode estar a criar um clima de insegurança contra os próprios ministros da Corte. “A sociedade não tem que saber como vota um ministro da Suprema Corte”, mandou. “Porque aí cada um que perde fica com raiva, cada um que ganha fica feliz”.
(É sabido que o ministro Cristiano Zanin, até aqui única indicação de Lula 3 para o STF, vem sendo criticado por seus votos nada alinhados com o campo progressista; a Folha de S.Paulo fez a ilação, nesta terça, entre o pedido de “transparência zero” de Lula e esse fato.)
Lula também voltou a criticar a aprovação, pela Câmara Federal, da extensão do programa de desoneração do imposto previdenciário para zilhões de setores, programa iniciado com Dilma Rousseff nas calendas gregas.
Arthur Lira, presidente da Câmara, foi ao ex-Twitter em agosto, algo que ele faz de maneira cirúrgica, certamente após profunda meditação, gabar-se da aprovação. Disse Lula: “Quando você aprova, sabe, desoneração, qual é a consequência da desoneração? Você diminui a receita do governo federal, você diminui a receita do município, e do estado também.”
E, novamente, sugeriu que os trabalhadores e os consumidores não desfrutarão das vantagens oferecidas aos empresário com a desoneração, que deveria ser objeto de acordo entre “empresários, trabalhadores e governo”.
“Se não você faz a desoneração, o cara desonera, fica com o lucro, não repassa para o preço do produto, não ajuda em nada.”