Ex-CEO da Americanas joga bilionários da 3G no fogo

Miguel Gutierrez || Crédito: Reprodução/YT

Em comunicação à CPI das Americanas, Miguel Gutierrez afirma que tornou-se “bode expiatório” de “figuras notórias e poderosas do capitalismo brasileiro”

Deixado na estrada, ou melhor, exilado na Espanha, seu país de origem, o ex-CEO das Americanas, Miguel Gutierrez, compartilhou para cima a responsabilidade pelas fraudes que originaram a dívida bilionária da varejista.

Em comunicação formal à CPI da Câmara Federal que apura o escândalo, Gutierrez disse que o admirado trio de bilionários Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles e Beto Sicupira, controladores de referência da varejista por meio da empresa 3G, não só sabiam do que se passava na Americanas, como tinham gestão na empresa.

Carlos Alberto Sicupira, Jorge Paulo Lemann e Marcell Telles || Créditos: Divulgação

“Como é notório, e como consta inclusive do famoso livro que conta a sua trajetória empresarial, o 3G  participa ativamente da gestão das empresas de seu portfólio e controla rigorosamente suas finanças”, escreveu Gutierrez. E seguiu:

“O Sr. [Carlos Alberto] Sicupira era por mim participado de todos os assuntos relevantes que fossem de meu conhecimento”, escreveu o ex-CEO (…) Membros do conselho de administração, do comitê financeiro e do comitê de auditoria, bem como pessoas ligadas aos acionistas controladores (funcionários da LTS, por exemplo) interagiam diretamente e de forma frequente com o diretor-financeiro, por exemplo.”.

A LTS Investments (de Leman, Telles e Sicupira) foi rápida em inundar a imprensa com uma nota oficial rebatendo as acusações do ex-subordinado.“As palavras assinadas pelo Sr.Miguel Gomes Pereira Sarmiento Gutierrez (…) não trazem qualquer prova de suas alegações nem refutam evidências de sua participação na fraude”. E segue:

“Os acionistas de referência sempre atuaram com o máximo de zelo e ética sobre a companhia, observando rigorosamente as normas e a legislação aplicável. Ainda assim, todos os acionistas da Americanas foram enganados por uma fraude ardilosa cujos malfeitores serão responsabilizados pelas autoridades competentes.”

Gutierrez não usa a palavra “fraude” no documento enviado à CPI. Nele, há uma passagem que já é digna de figurar em antologias: “Tornei-me um bode expiatório a ser sacrificado em nome da proteção de figuras notórias e poderosas do capitalismo brasileiro”.