O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), tem demonstrado uma performance notável diante das câmeras de TV e dos celulares de repórteres. Mantendo sempre o tom cordato e os olhos nos olhos do interlocutor, ele não se abala com nada. O deputado tem tudo para se tornar case de midia training — o prefeito paulistano, Ricardo Nunes, poderia pegar umas dicas com o parlamentar.
Sua capacidade de se desvencilhar de temas espinhosos foi posta à prova no programa Roda Viva da última segunda (31). Lira saiu-se impressionantemente bem. Temas espinhosos mesmo, já que Lira, para ser breve, pediu recentemente censura e punição financeira severa para alguns órgãos de imprensa.
Em junho, durante a votação da reforma tributária, em que mostrou sobejamente sua capacidade de entregar votos para o governo federal, ele já havia exibido perante as câmeras e celulares certa indignação, que quase chegava a ser convincente. Fazia-o quando perguntado sobre cadeiras na Esplanada como moeda de troca para a entrega desses votos.
O tema voltou à baila nesta terça (1), quando foi ventilado que Lira subordinou a votação do arcabouço fiscal, que passa agora por segundo escrutínio na Câmara, à oficialização dos nomes indicados pelo seu Centrão para a reforma ministerial.
Curiosamente foi o ministro da Fazenda, Fernando Haddad que livrou Lira dessa ilação tão “velha política”. Em conversa com jornalistas nesta quarta (2), ele se adiantou. “Eu perguntei para ele [Lira], como vocês me provocaram aqui, e ele falou: ‘Olha, não tem nada a ver arcabouço fiscal com mexida em ministério, absolutamente. Não tem nada a ver uma coisa com a outra'”,disse.