Para uma pessoa ameaçada de morte há três décadas, é muito cruel e pesadamente verdadeiro o adágio que reza ser a eterna vigilância o preço da liberdade.
Em 1989, um ano após ter escrito o livro Os versos satânicos, o escritor anglo-indiano Salman Rushdie foi objeto de uma fatwa, uma instrução editada pelo aiatolá Khomeini, líder supremo religioso iraniano à época, que autorizava os fiéis muçulmanos a matar Rushdie.
O livro havia sido considerado blasfemo pelo regime teocrático e banido do país.
Depois de colocar seu sistema de eterna vigilância à prova por cerca de 12 mil dias, nesta sexta (12), em Chautauqua, no estado de Nova York, Rushdie foi abatido. Já no palco em que proferiria uma palestra, ele foi esfaqueado no pescoço. O escritor passa por cirurgia no momento da postagem desta nota.
O escritor britânico Ian McEwan escreveu, em e-mail dirigido ao jornal The Guardian: “Esse apavorante ataque a meu querido amigo Salman representa um assalto ao livre-pensar e à liberdade de expressão. É o que suporta nossos direitos e liberdades (…) Ele [Salman] é um espírito ardente e generoso, um homem de imenso talento e coragem e que não será parado.”
O agressor de Rushdie foi interceptado e entregue à polícia.