O mineiro só é solidário no câncer, dizia Nelson Rodrigues (atribuindo a frase ao mineiro Otto Lara Resende), e a esquerda só se une perante o descalabro.
Ou nem isso.
No ano em que Lula inventou um acordo com seu novo amigo desde criancinha Geraldo Alckmin, conseguindo fazer com que o PT se coligasse com o PSB em estados de arranjos dificílimos, um acordo histórico do PT com o PDT, no Ceará, acaba de fazer água.
O PDT no Ceará hoje é comandado pela clã Gomes, que se tornou inimigo figadal de Lula — e de Bolsonaro — nestas eleições. Mas no plano estadual, as coisas iam bem, com o ex-governador Camilo Santana (PT) tendo sido reeleito em 2018 com votação recorde entre os chefes dos executivos estaduais.
A sucessão de Camilo desandou. O PT queria que a aliança apoiasse a atual governadora, Izolda Cela, que assumiu o governo em abril. Detalhe: Izolda é do PDT.
Como o partido dos Gomes preferiu o nome do ex-prefeito de Fortaleza, Roberto Claudio, o PT se sentiu confortável para romper o pacto, e lançar candidatura própria — certamente sem qualquer chance de vitória contra o candidato bolsonarista que lidera as pesquisas, Capitão Wagner (UB).