Em rompante à Maiakovski, Alexandre de Moraes prevê “morte zero” por tédio

Alexandre de Moraes || Crédito: Carlos Moura/SCO/STF

Ministro do STF prognostica turbulências no processo eleitoral de 2022 ao repercutir, sem qualquer menção explícita, decisão de colega que revertou cassação de parlamentares bolsonaristas

Evitando fazer qualquer menção aos envolvidos, o ministro do STF Alexandre de Moraes repercutiu nesta sexta (3) a decisão de seu colega de Supremo Nunes Marques, o Kassio Comká, que na quinta (2) revertou, em medida liminar, sentenças do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) que determinaram a cassação do deputado estadual Fernando Francischini (UB-PR) e do deputado federal Valdevan Noventa (PL-SE).

A ação de Koncá, em plena harmonia com o “imaginário” bolsonarista, choca-se frontalmente com  o que pensam sobre o tema a tríade do STF que este ano conduziu, conduz ou irá conduzir o TSE – Luís Roberto Barroso, Edson Fachin e o próprio Moraes –, que viu nas decisões agora revertidas modelo para a atuação do Tribunal no combate à fake news nas eleições de outubro.

“De uma coisa, temos certeza: este ano, e os últimos acontecimentos mostram, de tédio ninguém vai morrer este ano, de monotonia, ninguém vai morrer. Cada dia uma aventura para que a gente possa lidar”, disse Moraes em Curitiba.

Que morramos de vodca, então, para replicar a formulação do poeta russo Vladimir Maiakovski que embalou certa juventude curtida em destilados pesados dos anos 1980.

Nenhum dos ministros do STF se manifestou no Twitter, mantendo certo decoro estratégico – o tema deve ser levado a plenário para discussão entre os onze magistrados nas próximas semanas.

Resta saber se o tema irá aparecer mais ao fim do dia nas recomendações culturais de Barroso publicadas no Twitter, ação que movimenta a rotina de sexta-feira do ministro.