Nelson Rodrigues atribuía a seu amigo, o escritor mineiro Otto Lara Resende, a frase famosa “o mineiro só é solidário no câncer”. Já a esquerda brasileira, como se sabe, não é solidária nem diante do bolsonarismo.
Bem, pode ser que agora seja.
A notícia ventilada pela Folha de S.Paulo, de que Guilherme Boulos (Psol) e Fernando Haddad (PT) talvez não disputem a mesma audiência, ou melhor, os mesmos eleitores do estado de São Paulo nas eleições para governador em 2022, pode ser efetivamente um ponto de inflexão no comportamento dos partidos de esquerda e centro-esquerda.
O movimento começou sexta passada (11) com a troca do deputado fluminense Marcelo Freixo (Psol) pelo PSB e o anúncio de que o parlamentar busca apoio do prefeito carioca Eduardo Paes (PSD) e outros expoentes do centro.
No possível acordo paulista, o Psol indica o candidato a vice-governador e a senador em 2022, com um hipotético apoio a Boulos à prefeitura de São Paulo em 2024. Mas essa já é uma costura de longuíssimo prazo, muito menos provável.
Só para lembrar, apesar de todos os apelos em 2020, o PT insistiu em lançar um candidato próprio à prefeitura de São Paulo, Jilmar Tato, que jamais decolou, contra um muito competitivo Boulos (Psol), que chegou ao segundo turno nas eleições de novembro contra Bruno Covas (PSDB).