ACM Neto: presidente do DEM, já havia feito seu sucessor em Salvador no primeiro turno com grande tranquilidade e voltou a celebrar domingo passado as vitórias dos partidos de centro em outras grandes cidades baianas. Em nível nacional o DEM foi um dos partidos da “área cinza” que mais cresceram, levando Curitiba e Florianópolis já em primeiro turno, e Rio, com Eduardo Paes, domingo. Em entrevista ao Valor Econômico, o prefeito de Salvador disse que “as eleições deste ano ajudaram a acelerar o processo de aposentadoria de Lula”.
Ciro Gomes: O presidenciável já demonstrou, um dia após as eleições, que quer ser o nome da centro-esquerda a liderar a oposição ao bolsonarismo em 2022. Numa entrevista a José Luiz Datena, isolou PT e Bolsonaro num mesmo campo, o dos derrotados destas eleições. Ciro ganhou em casa, em Fortaleza, com Sarto (PDT), e fortaleceu a aliança com o PSB, com a vitória de João Campos no Recife. Nos dias finais de uma campanha aguerrida, viajou à capital pernambucana para dar apoio a Campos contra Marília Arraes, que concorria pelo PT. O movimento mostra que vai ser difícil Lula entrar em sua composição para 2022.
Doria-Covas: O PSDB não se saiu muito bem nacionalmente, mas no estado em que ele é mais forte, São Paulo, conseguiu assegurar vitórias fundamentais, como na capital, com Bruno Covas. Isso serviu para vitaminar a já algo desgastada candidatura de João Doria a presidente em 2022. De qualquer forma, uma derrota de seu aliado para Guilherme Boulos (Psol) poderia acabar com seus planos federais. Por outro lado, Doria viu Covas ganhar musculatura, e o fato de o prefeito ter escondido o governador durante sua campanha pode sinalizar o que vem por aí. O crescimento do DEM nacionalmente também não é boa notícia para o governador, que amarrou com seu vice, Rodrigo Garcia, do DEM, uma aliança para pavimentar seu caminho a Brasília. Rodrigo Maia e Netinho, as lideranças do DEM, vem falando reiteradamente em candidatura própria a presidente. Isso pode apenas significar uma valorização do dote, mas o PSDB já não deve entrar na corrida em 2022 com a força que tinha em 2014 e 2018.
Gilberto Kassab: O fundador do PSD estava meio na moita desde que teve denúncia por improbidade aceita na Justiça e foi licenciado do secretariado do governador paulista João Doria. Mas a moita é o habitat de Kassab, que foi profético ao dizer que seu partido não seria “nem de esquerda, nem de direita, nem de centro” – um maneira mais anárquica para a expressão fisiologismo político. Dos partidos do Centrão, o PSD é o que terá a maior população brasileira sob comando de seus prefeitos, 23 milhões de pessoas. Belo Horizonte, com Alexandre Kalil, Campo Grande, com Marquinhos Trad, e Guarulhos, com Guti, são as grandes vitórias.
Psol: O partido que se formou a partir de uma dissidência à esquerda do PT venceu em uma capital brasileira, algo que o PT não logrou fazer, em Belém, com Edmilson Rodrigues, que já havia sido prefeito em dois mandatos consecutivos da capital paraense justamente pelo PT. Além disso, viu a ascensão ao plano federal de uma nova liderança de esquerda, Guilherme Boulos, que mostrou competitividade até o último dia de campanha à prefeitura de São Paulo. O partido ainda foi o grande protagonista de certa renovação das principais câmaras municipais, com votação muito relevante para candidatos e candidatas negros, transgêneros e chapas coletivas, algumas delas de periferias.