Depois de quase duas horas de reunião entre o presidente Jair Bolsonaro, governadores aliados, presidentes da Câmara, do Senado e do STF e ministros da Esplanada para discutir a pandemia, o resumo prático: no aniversário de um ano da dita cuja e 300 mil mortes depois, urge acelerar a campanha de vacinação e criar um comitê para dar ordem institucional ao programa.
Até aí morreria Neves, se estivéssmos nos anos 1980, mas Bolsonaro e alguns acólitos não decepcionaram: o presida voltou a falar de tratamento precoce e o governador-tampão Cláudio Castro, do Rio, lamentou a “politização” do tema.
Coube ao presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), dar o tom político: ele lembrou que o comitê será liderado “por quem a sociedade espera que lidere”, que é o presidente da República. O chefe da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), foi mais enfático ao deixar clara a insatisfação do Congresso com a narrativa do presidente.
Para Lira, é importante ter um único discurso e despolitizar a pandemia e desarmar os espíritos – mais uma indireta para Bolsonaro. E, finalmente, coube ao governador Ronaldo Caiado (DEM-GO) falar o que ninguém disse: que o distanciamento social ainda é necessário.
“É preciso pedir a todos que entendam que, em situações críticas como as que estamos vivendo, é necessário tomar medidas mais firmes como o lockdown.”
Os recados foram dados na sala de reuniões e em público. Bolsonaro, agora, de fato e de direito, passa a ser o coordenador da crise da pandemia e deverá ser cobrado por isso.