Gilmar Mendes decidiu não tirar férias durante o recesso do STF, em janeiro. Assim como seus colegas Marco Aurélio Mello, Alexandre de Moraes e Ricardo Lewandowski, o ministro despachou normalmente do home office, num movimento supostamente orquestrado para não deixar o presidente Luiz Fux “avonts” no plantão da Corte.
Assim, alguns casos mais ou menos explosivos poderiam ser apreciados por seu, digamos, juiz natural.
Se o povo não estranhou que Gilmar tenha dado um gás no trabalho, o mesmo não se pode dizer de seu relativo silêncio nesses dias.
Bem, o velho Gilmar está de volta. Numa entrevista eloquente concedida à CNN Brasil, teceu considerações sobre o novo lote de conversas reveladas no âmbito da Operação Spoofing. Dentre essas revelações, destacam-se os comentários nada airosos dos promotores da Lava Jato sobre os gostos etílicos do ex-presidente Lula e as verdadeiras sessões de coaching que o juiz Sergio Moro oferecia gratuitamente aos homens do MPF de Curitiba.
Gilmar chamou os promotores da Lava Jato de “transgressores da lei”. “Um colega de vocês (jornalistas) escreveu que a Lava Jato não morreu, foi assassinada. Eu diria que ela cometeu suicídio”, disse.
Sergio Moro, cuja atuação à frente do julgamento do ex-presidente Lula será analisada em algum momento pela Corte, foi criticado por Gilmar, mas não exatamente por seus anos de magistratura, mas por suas poucas semanas de ministro da Justiça e Segurança Pública de Bolsonaro.
“Fiquei com a impressão que ele se dedicou ao embate parlamentar e reformas do Congresso, mas não cuidou do bom legado do governo anterior, que criou excepcionalmente o Ministério da Segurança Pública”, disse o ministro.
“Eles [os presídios] se tornaram home office do crime. A partir dali se comanda a criminalidade.”