As chamadas “canetas emagrecedoras”, como o famoso Ozempic, têm ganhado destaque entre médicos e pacientes como tratamento para a obesidade. E, com o investimento em pesquisa nessa área, novos tipos desse medicamento estão surgindo rapidamente, como o tão aguardado Mounjaro, que possui um mecanismo de ação similar, mas promete uma eficácia muito maior. E essas inovações não beneficiam apenas aqueles que buscam perder peso, mas também pacientes diabéticos, indicação primordial desse tipo de medicamento, representando um grande avanço no controle da diabetes. “Entre as canetas, a maior novidade no tratamento da diabetes é o Mounjaro, que, além de simular o hormônio GLP-1 assim como faz o Ozempic, também simula um outro hormônio, chamado de GIP. Dessa forma, atua de maneira muito mais potente na produção e liberação de insulina e no controle dos níveis de glicose no sangue. Além disso, possui o efeito benéfico da perda de peso, mas de maneira muito mais significativa que o Ozempic justamente por ter esse hormônio adicional. E sabemos que a maioria dos pacientes obesos são diabéticos ou pré-diabéticos, então, ao trabalhar a obesidade, conseguimos controlar e até prevenir a diabetes”, destaca a Dra. Deborah Beranger, endocrinologista, com pós-graduação em Endocrinologia e Metabologia pela Santa Casa de Misericórdia do Rio de Janeiro (SCMRJ). Infelizmente, o Mounjauro ainda não está disponível para venda nas farmácias brasileiras, devendo chegar às prateleiras no segundo semestre. Mas as canetas não são as únicas novidades no tratamento da diabetes e algumas inovações já estão disponíveis por aqui.
Por exemplo, um grande avanço no controle da diabetes, principalmente no quesito conforto e praticidade para o paciente, é a minibomba de insulina sem fio, que chegou ao Brasil no final do ano passado. “A bomba de insulina é um dispositivo eletrônico que fica conectado ao corpo durante o dia todo para fornecer insulina em doses menores de maneira contínua ao longo das 24 horas. É uma alternativa às injeções de insulina para pacientes que têm dificuldade de manter o controle da glicose sanguíneo, que têm grandes variações nos níveis de açúcar no sangue ou que têm quadros de hipoglicemia frequente ou graves, por exemplo”, diz a especialista. O problema é que a bomba de insulina convencional é conectada ao corpo por meio de um fio, o que pode gerar desconfortos em momentos como durante a prática de atividade física, além de existir o risco de dobra do cateter, prejudicando a entrega da insulina. “Esse novo dispositivo surge para corrigir esse problema, pois é completamente sem fio, permanecendo acoplado na pele como um adesivo, e é controlado por um dispositivo portátil via bluetooth. Além disso, conta com um medidor de glicose e uma calculadora de bolus, isto é, de dose, para aplicar insulina continuamente e com máxima precisão, além de conforto. É o que temos mais próximo do funcionamento do pâncreas”, destaca.
Entre os devices voltados para os pacientes de diabetes, outro destaque é um novo sensor de monitoramento de glicose com dimensões extremamente reduzidas, sendo assim muito mais discreto e confortável para o paciente. “Esse novo sensor é menor, mais fino e mais leve que duas moedas de cinco centavos empilhadas. Esse é o grande diferencial do novo dispositivo, que, além disso, ainda realiza leituras contínuas do nível de glicose que são enviadas diretamente para o celular, sem a necessidade de escanear o sensor, o que permite um acompanhamento muito mais preciso dos níveis de açúcar no sangue”, destaca a médica. Esse sensor menor ainda não é vendido do Brasil, apesar de já estar disponível em outros países do mundo. Mas é possível adquirir por aqui uma versão anterior que é um pouco maior, com tamanho próximo a uma moeda de um real.
Mas, ao contrário da bomba, que monitora a glicose e ainda administra a insulina, esses sensores apenas monitoram a glicose e exigem que o paciente administre a substância por conta própria, o que deve ser realizado diariamente e até mesmo várias vezes ao dia, dependendo da necessidade. Mas uma grande inovação nesse sentido é o desenvolvimento de uma insulina semanal, isto é, que precisa ser aplicada apenas uma vez na semana. “Assim como a insulina diária, a insulina semanal é injetada por meio de uma caneta. O diferencial é que o hormônio se liga a proteínas no sangue que fazem com que seja gradualmente liberada ao longo de sete dias”, destaca a Dra. Deborah Beranger. Estudos mostraram que, em comparação com a aplicação diária, a insulina semanal garantiu um melhor controle da diabetes e reduziu o risco de hipoglicemia, que são quedas importantes dos níveis de glicose no sangue. “Isso sem falar na diminuição significativa de injeções ao longo de um ano, o que garante uma adesão muito maior ao tratamento, que também se torna mais confortável.”
Com relação à administração da insulina, outra novidade que ainda está em desenvolvimento é um método que permite que a insulina seja ingerida oralmente e tem menos efeitos colaterais. “Pesquisadores criaram um revestimento que protege a insulina de ser decomposta pelos ácidos estomacais e enzimas digestivas, mantendo-a segura até alcançar o fígado, onde é finalmente quebrada por enzimas ativas somente quando os níveis de açúcar no sangue estão altos”, diz a médica. E, além de ser mais prática e confortável por não precisar ser injetada ou refrigerada, a insulina oral ainda tem menos efeitos colaterais, justamente por ser liberada apenas quando os níveis de glicose estão altos. “Nada acontece se esses níveis estiverem baixos, pois as enzimas responsáveis por quebrar a insulina não estarão ativas. Isso reduz o risco de hipoglicemia, pois a liberação de insulina ocorre de maneira controlada de acordo com as necessidades do paciente, ao contrário do que acontece com as injeções, em que a insulina é liberada de uma só vez”, afirma. O novo método já foi testado em ratos, camundongos e babuínos, com resultados positivos. O próximo passo é o teste em humanos, que deve começar em 2025, e a expectativa dos pesquisadores é que esteja amplamente disponível para uso em dois ou três anos.
Todas essas descobertas não só garantem um melhor controle da diabetes, como também oferecem maior qualidade de vida ao paciente diabético, seja por oferecem maior praticidade no dia a dia ou por diminuírem a necessidade de injeções constantes, por exemplo. “Mas sempre vale lembrar que nem o mais avançado tratamento é capaz de substituir a adoção de um estilo de vida saudável, com alimentação balanceada e prática de exercícios físicos. É um pilar fundamental no controle da diabetes, independente de qual tecnologia ou medicamento venha a surgir no futuro”, finaliza a Dra. Deborah Beranger.
FONTE: DRA. DEBORAH BERANGER – Endocrinologista, com pós-graduação em Endocrinologia e Metabologia pela Santa Casa de Misericórdia do Rio de Janeiro (SCMRJ) e pós-graduação em Terapia Intensiva na Faculdade Redentor/AMIB. Com cursos de extensão em Obesidade, Transtornos Alimentares e Transgêneros pela Harvard Medical School, a médica tem MBAs de Saúde e Qualidade de Vida, de Marketing e Branding Médico e de Mindset, todos pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), e curso de Obesidade e de imersão em Medicina Culinária pela Universidade de Campinas (UNICAMP). Fez Fellowship pela European Association for the Study of Obesity, em Portugal; é speaker dos laboratórios Servier, Novo Nordisk, Novartis, Merck, AstraZeneca, Lilly e Boehringer. Instagram: @deborahberanger
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