Em 2007, a Associação Brasileira de Arte Contemporânea (ABACT) e a Agência Brasileira de Exportações e Investimentos (ApexBrasil) se uniram para criar o Projeto Latitude, uma plataforma para promover a internacionalização do mercado brasileiro de arte contemporânea.
Atualmente, o Latitude conta com cerca de 60 galerias em sete estados do país, inclusive Distrito Federal. Juntas, elas representam mais de 1.800 artistas brasileiros. Segundo dados da última Pesquisa Setorial Latitude, em 2018 o volume de exportações definitivas e temporárias das galerias envolvidas no programa foi superior a US$ 65 milhões – resultado dez vezes maior do que o atingido em 2007, primeiro ano da plataforma.
Participar de uma feira internacional de arte requer investimentos em várias frentes: monetária, de tempo e de equipe. O Projeto Latitude atua não só na do fomento financeiro, mas também na área de capacitação e conhecimento, auxiliando galerias nacionais a ingressar no mercado global. A série de conversas “Ampliando Coordenadas”, que foi criada este ano, tem a ver com isso, já que traz galerias para compartilhar sua experiência em feiras internacionais.
Na terceira rodada, que aconteceu no último dia 25 de setembro, os galeristas convidados falaram sobre sua participação na última edição da ARCOLisboa, feira de arte contemporânea da capital portuguesa. A revista PODER online conversou com Victoria Zuffo, presidente da ABACT, sobre a imagem da arte brasileira no mercado global.
Como a arte contemporânea nacional é vista lá fora?
Estamos em um momento muito importante com diversos fatores que colocam o país em evidência. A Bienal de São Paulo, por exemplo, é muito bem-vista internacionalmente. E, pela primeira vez, um brasileiro – no caso, Adriano Pedrosa, diretor do Museu de Arte de São Paulo (MASP) – vai assinar a curadoria da Bienal de Arte de Veneza no próximo ano. Também vale citar o Leão de Ouro que o Pavilhão do Brasil ganhou na última Bienal de Arquitetura de Veneza, que vai até 26 de novembro na cidade italiana.
Outra questão importante é que, já há alguns anos, os acervos internacionais estão atentos para a necessidade de ter equidade de artistas, o que se tornou uma excelente oportunidade para o Brasil e para outros países da América Latina.
Além de Beatriz Milhazes e Adriana Varejão, que outros artistas brasileiros conquistaram o mercado global de arte?
O Cildo Meireles que ganhou este ano o prêmio Roswitha Haftmann, a mais relevante premiação europeia no campo das artes visuais. Além de Meireles, eu também citaria Vik Muniz e OsGemeos que também têm grande prestígio internacional.
Em que os galeristas brasileiros são diferentes dos estrangeiros?
Não vejo distinção entre uns e outros e, sim, diferença de mercados. No Brasil, lidamos com um cenário incipiente, de menos experiências, sem falar de fatores como tributos altos, questões econômicas e variação cambial. Mas, com sua riqueza e diversidade, a produção brasileira vem atraindo cada vez mais atenção. Durante a última ArtRio, em setembro, recebemos um grupo de colecionadores e profissionais do mercado de arte com o projeto Art Immersion Trip, e todos ficaram impressionados com o nível da arte nacional, com as galerias e com a receptividade que tiveram. Temos muito espaço para crescer. Para isso, precisamos de fomento e educação de base para que mais pessoas possam ser artistas no futuro e para que tenhamos mais amantes de arte.