Narges Mohammadi, a ativista iraniana que lidera a resistência das mulheres no Irã contra a opressão do regime atual, foi anunciada como a laureada do Prêmio Nobel da Paz de 2023 nesta sexta-feira (6). Ela tornou-se a 19ª mulher a receber esse prêmio, que já foi concedido 92 vezes a homens.
Ela enfrenta duras punições por sua coragem e encontra-se atualmente detida, já tendo sido condenada a 31 anos de prisão e recebido 154 chibatadas como pena. Apesar de ter ganhado destaque recentemente, Narges Mohammadi, uma engenheira de 51 anos e mãe de gêmeos, tem uma longa história na defesa dos direitos das mulheres e na luta pela abolição da pena de morte no Irã, um dos países que mais utiliza essa forma de punição no mundo. Ela já foi presa seis vezes, sendo a primeira delas há 22 anos.
Desde janeiro de 2022, Mohammadi cumpre pena de 10 anos e 9 meses de prisão por espalhar propaganda contrária ao governo no presídio de Evin, localizado em Teerã e conhecido por abrigar opositores do regime.
Berit Reiss-Andersen, presidente do Comitê do Nobel, ao anunciar o prêmio, descreveu Narges como uma defensora dos direitos humanos e da liberdade. Reiss-Andersen destacou que o prêmio reconhece não apenas a coragem de Mohammadi, mas também o apoio de milhares de pessoas que protestam contra o regime teocrático opressor que discrimina as mulheres no Irã.
Após receber a honra, Narges Mohammadi, através de seus advogados, afirmou ao jornal “The New York Times” que “o apoio global e o reconhecimento à minha luta pelos direitos humanos me tornam mais consciente da minha responsabilidade, mas também mais determinada, apaixonada e esperançosa”. Ela acrescentou: “A vitória está próxima.”
Os filhos de Mohammadi e seu marido também expressaram seu orgulho e reconhecimento pela dedicação da mãe.
Por outro lado, o governo iraniano criticou a decisão do comitê do Nobel, acusando o Ocidente, por meio da agência de notícias estatal Fars, de premiar uma prisioneira por ações contrárias à segurança nacional do Irã.
O Prêmio Nobel da Paz, no valor de 11 milhões de coroas suecas (aproximadamente R$ 5,1 milhões), será entregue em Oslo no dia 10 de dezembro, data que marca o aniversário da morte do industrial sueco Alfred Nobel, que instituiu os prêmios em seu testamento de 1895. Os organizadores instaram as autoridades iranianas a libertarem Narges Mohammadi a tempo de receber o prêmio pessoalmente.
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