Os termos do contrato da nova revisão do acordo da Argentina com o FMI, que trouxe mais US$ 7,5 bi de recursos imediatos para o país, foram considerados muito severos por especialistas. O acordo, negociado pelo ministro da Economia e candidato presidencial Sergio Massa, saiu na quarta (23) e o texto foi divulgado dias depois.
Paula Lugones, correspondente em Washington do jornal argentino El Clarín, ouviu Claudio Loser, ex-diretor do FMI, que chamou o documento de “duro”. Há críticas do FMI à gestão do atual governo argentino, com menções explícitas a descumprimento de acordos, além de ações “débeis ou contraditórias” em relação ao plano cambial ajustado com a organização.
(A inflação anual argentina de mais de 100%, um patamar completamente surreal até para instituições menos ortodoxas do que o FMI, já foi dada de barato.)
Ao colocar as mãos nesses US$ 7,5 bi, a Argentina expande sua dívida imediata para US$ 36 bi. As reservas monetárias do país vizinho são baixas, mas, paradoxalmente, a economia argentina é tradicionalmente dolarizada, com grande parte da classe média mantendo a divisa estadunidense (em espécie) em casa.
A lembrança da desvalorização cambial e do corralito de 2001 (em que houve um tempo máximo para converter moedas) e uma desconfiança ancestral do sistema bancário fazem com que dinheiro no colchão na Argentina não seja apenas força de expressão.