“PT raiz” baixa forte e dificulta pas-de-deux de Haddad com Lira

Arthur Lira e Fernando Haddad || Crédito: Marcelo Camargo/Agência Brasil

Gleisi Hoffmann com petardos em quem que se coloca contra taxação de super-ricos e Lindbergh Farias, que não vê possível déficit zero em 2024, exigem paciência extra de ministro

Que o PT viveria com Lula 3 um caleidoscópio de emoções, todos sabiam. Era previsível que o partido, seus militantes e simpatizantes ora mostrariam os caninos para os que riram gostosamente das piadas infames de Jair Bolsonaro; e ora comtemporizariam com esses mesmos parceiros, já que, como tantas vezes explicou Lula, o PT e o campo progressista saíram das eleições minoritários no Congresso Nacional.

Dessa forma, precisariam de uma base de apoio que passasse por outras forças políticas, ou seja, UB, Republicanos, PSD, MDB, PP – a malta (quase) toda.

Mas talvez mesmo os mais escolados nas ambiguidades petistas se surpreendam com os sobes-e-desces do humor de algumas figuras centrais do partido, como a presidente, Gleisi Hoffman. Mesmo quando Fernando Haddad tem de cortar um dobrado para negociar sua agenda econômica com Arthur Lira e seus liraboys, Gleisi bate acima da medalhinha.

Nesta terça-feira (29), Gleisi voltou a tentar constranger a parte do parlamento que se recusa a aderir sem mais aquela à medida da taxação dos super-ricos. A presidente da legenda tentou deixar claro que há gente na Câmara que parece estar do lado dos super-ricos. Escreveu ela no ex-Twitter:

“Na MP dos fundos milionários, o governo fez uma proposta pra quem quiser de imediato regularizar a tributação, pagar alíquota de 10% de IR. Por que tem gente na Câmara querendo baixar para 6%? Vamos lembrar que a alíquota do IR chega 27,5% . Por que os super ricos tem de pagar menos? Que coisa difícil tentar resolver a desigualdade!”

Haddad, se pudesse, talvez buscasse conter os ímpetos socializantes da correligionária, mas sabe que a retórica também faz parte do jogo; mas ele deve ter achado um pouco demais que outro deputado federal, Lindbergh Faria (PT-RJ), entrasse na brincadeira e dissesse, sem meias-palavras, que o governo espera déficit em 2024.

Eis algo que Haddad, até quando dorme, não permite que seu subconsciente “elabore”.

Em entrevista ao portal Poder 360, o deputado fluminense disse: “Na minha avaliação, é zero a chance de chegar na meta de deficit zero. Então, não é melhor antecipar do que prometer uma coisa impossível e ter consequências graves?”