Até algumas semanas atrás, seria impensável imaginar que Pedro Malan, ministro da Fazenda de Fernando Henrique por oito anos sucessivos, fosse declarar voto em Lula. Mas nesta quinta (6), o símbolo do austericídio fiscal dos anos 1990, o homem que no começo de 1999 lidou com uma taxa de juros mensal na casa dos 45% – efeito do represamento da Selic durante as eleições de 1998 –, fez simbolicamente o “L”.
Malan e seu colega Edmar Bacha, que presidiu o BNDES também nos anos FHC e foi também formulador dos planos Cruzado e Real, manifestaram apoio a Lula, juntando-se a outros economistas do eixo PUC-RJ-Plano Real: Armínio Fraga, André Lara Resende e Pérsio Arida. Exceto Resende, os demais assinaram uma nota conjunta expressando o apoio.
“Nossa expectativa é de condução responsável da economia”, afirmam os signatários na nota, fazendo pressupor que os times do “Posto Ipiranga” ou de eventual sucessor não são opções em termos de condução responsável.
Em entrevista à Folha de S.Paulo, Bacha não justificou o alinhamento por afinidade com os planos econômicos de Lula, que, de resto, não foram dados ao escrutínio público, mas por certa expectativa de compromisso com a estabilidade econômica – “especialmente pela presença de Geraldo Alckmin na campanha e pelo aceno a Henrique Meirelles”.
Arida já havia justificado seu apoio em termos muito mais políticos do que econômicos: “Não quero que a democracia morra e o que hoje temos é um retrocesso civilizatório.”