O Brasil não é exatamente mosca branca nas capas do semanário The Economist, que ainda preserva o apelido de “Bíblia” do liberalismo. O liberalismo mudou bastante no último século e meio — a revista surgiu em 1843 –, mas talvez não o suficiente para enquadrar o governo populista de Jair Bolsonaro, com suas intervenções bruscas bna economia, seus puxadinhos constitucionais e auxílios ocasionais, como liberal.
Assim, ter levado o presidente brasileiro à capa não se deu por este ter-se tornado subitamente um discípulo da escola econômica de Chicago — aparentemente um ministro de Bolsonaro que lá estudou é que se converteu ao populismo –, mas em função de o presidente poder estimular algo parecido com o 6 de janeiro trumpista. O dia 6 de janeiro de 2021 marcou o dia da invasão do Capitólio por estadunidenses estimulados por Donald Trump, que tentava reverter sua derrota nas urnas.
A revista não se serviu de eufemismos: “Ganhando ou perdendo, Jair Bolsonaro representa uma ameaça à democracia brasileira”. “Big lie”, a expressão utilizada na capa, foi como ficou conhecida a tentativa de Trump.