O vazamento de trechos do relatório produzido pelo senador Renan Calheiros (MDB-AL) para a CPI da Covid-19 tem sido visto no Congresso como “um termômetro”, feito sob medida, para analisar a aceitação da sociedade sobre as medidas que o parlamentar quer tomar contra o governo e contra o presidente Jair Bolsonaro.
Nesta segunda (18), Calheiros anunciou que havia remarcado novamente a leitura do texto, que, agora, ficou para quarta (20). O relatório vazou na semana passada, o que Renan qualificou como algo “bom”, pois “dá transparência” ao processo. O paramentar disse que “era impossível o documento não vazar, já que, em suas contas, uma equipe de 50 pessoas teve acesso às minutas.
Senadores estão contrariados com a publicidade em torno do texto, que não foi previamente compartilhado com membros da CPI e, por isso, trouxe uma enxurrada de críticas ao parlamentar emedebista.
Na leitura de alguns parlamentares, o vazamento faz parte de uma estratégia de Renan entender a melhor maneira de ganhar politicamente com seu trabalho na CPI.
O senador deverá sugerir o indiciamento de Bolsonaro por ao menos 11 crimes, entre eles charlatanismo, curandeirismo e publicidade enganosa.
O presidente da CPI, Omar Aziz (PSD-AM), e o vice, senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), que dividem com Renan o poder da comissão, avexaram-se.
Nesta segunda, Aziz falou que Calheiros “não é o dono da verdade”. Randolfe chamou a situação de “incômodo”.
A princípio, os trabalhos da CPI deverão se estender até 5 de novembro.