Enquanto as doenças cardiovasculares avançam no mundo, profissionais de saúde reforçam a indicação de dietas que preconizam alimentos mais saudáveis e conferem proteção contra problemas cardíacos comuns, como pressão alta e o acúmulo de colesterol no sangue. Além de padrões alimentares saudáveis, como a dieta mediterrânea, a dieta DASH (Dietary Approaches to Stop Hypertension) também tem ganhado evidência. “A hipertensão, mais comumente chamada de pressão alta, é a condição crônica mais comum no mundo todo. É um grande fator de risco para doenças cardíacas, afeta 1 bilhão de pessoas e é responsável por 1 em cada 8 mortes a cada ano. Por esse motivo, pesquisadores do National Institute of Health, dos Estados Unidos, desenvolveram a DASH para prevenir e tratar a pressão alta. Mais para frente, os estudos mostraram que essa dieta também é altamente eficaz na redução do colesterol no sangue. É claro que uma dieta individualizada com acompanhamento médico e nutricional será sempre o melhor caminho, mas colocar em prática esse tipo de padrão alimentar traz benefícios para pacientes com síndrome metabólica (obesidade, hipertensão arterial, resistência à insulina e níveis alterados de colesterol e triglicérides no sangue)”, explica a Dra. Deborah Beranger, endocrinologista com pós-graduação em Endocrinologia e Metabologia pela Santa Casa de Misericórdia do Rio de Janeiro (SCMRJ).
O foco dessa dieta está em vegetais, frutas, grãos integrais, laticínios com baixo teor de gordura e proteínas magras. O consumo de alimentos com gorduras saturadas e trans é desencorajado na DASH. Isso significa que manteiga, óleos de coco e de palma, creme de leite, cortes gordurosos de carne, além do azeite de dendê não fazem parte das orientações. “As dietas saudáveis são sempre muito parecidas. Por isso, a DASH é um padrão muito próximo da dieta mediterrânea. Mas a dieta DASH permite mais fontes de proteína de laticínios com baixo teor de gordura e cortes magros de carne e aves”, explica a Dra. Deborah.
A médica explica que algumas pesquisas mostraram que pessoas que seguem a dieta DASH podem reduzir sua pressão arterial em alguns pontos em apenas duas semanas. “Com o tempo, a pressão arterial sistólica (o número mais alto em uma leitura de pressão arterial) pode cair de oito a 14 pontos, o que reduz significativamente o risco de doença cardiovascular. Os efeitos positivos para a saúde podem ser ainda maiores se o DASH for combinado com uma dieta com baixo teor de sódio”, explica a Dra. Deborah. “Um aspecto interessante da dieta DASH é que os efeitos são maiores em pessoas com hipertensão ou pressão arterial mais alta na linha de base, o que é comparável a medicamentos anti-hipertensivos. Os resultados dos estudos aumentam a evidência de que intervenções dietéticas podem ser úteis como medicamentos anti-hipertensivos em pessoas com maior risco de pressão arterial alta, e devem ser uma opção de tratamento de primeira linha de rotina para tais indivíduos”, conta a médica.
O maior consumo de fibras, provenientes de vegetais e frutas, e a redução do consumo de gordura saturada, segundo a médica, explicam os benefícios da dieta na redução do colesterol no sangue.
A endocrinologista enfatiza que DASH não é uma dieta da moda, mas um plano alimentar saudável que apoia mudanças de estilo de vida a longo prazo. “É pobre em gordura saturada, gordura trans e colesterol. É rica em potássio, cálcio e magnésio, bem como proteínas e fibras. O potássio é um mineral que pode ajudar a controlar a pressão arterial, pois ajuda a relaxar as paredes dos vasos sanguíneos e a eliminar o excesso de sódio do organismo. Magnésio e cálcio também atuam nesse sentido”, explica a Dra. Deborah. “No entanto, essa dieta exige uma redução do consumo de carne vermelha com alto teor de gordura, de doces e de bebidas açucaradas”, conta.
O quanto comer?
A dieta DASH fornece metas nutricionais diárias e semanais. O número de porções depende das necessidades calóricas diárias e deve ser calculado com ajuda de médico e nutricionista, segundo a Dra. Deborah. “Em uma dieta de 2000kcal, que é a média para adultos, sugerimos quatro a cinco porções de vegetais por dia; quatro a cinco porções de frutas; duas a três porções de lácteos sem (ou com baixo teor de) gordura por dia. Com relação aos macronutrientes presentes em grãos, óleos, carnes magras, aves e peixes, esses devem ser calculados de acordo com a necessidade metabólica do paciente”, diz a Dra. Deborah.
Para reduzir ainda mais o sal, a médica orienta ler atentamente os rótulos dos alimentos e escolher opções com pouco ou nenhum sal adicionado. “Além disso, usar temperos é uma tática válida, uma vez que quanto mais temperado for o alimento, menos sal será necessário. Comer menos comida de restaurante também é indicado. Ao comer fora de casa, não temos controle sobre o sal adicionado”, diz a Dra. Deborah. “Pode levar tempo para que suas papilas gustativas se ajustem a essa nova rotina. Mas, quando isso acontecer, você pode preferir o modo DASH de comer. E você ficará mais saudável por isso”, finaliza.
FONTE: *DRA. DEBORAH BERANGER: Endocrinologista, com pós-graduação em Endocrinologia e Metabologia pela Santa Casa de Misericórdia do Rio de Janeiro (SCMRJ) e pós-graduação em Terapia Intensiva na Faculdade Redentor/AMIB. Com cursos de extensão em Obesidade, Transtornos Alimentares e Transgêneros pela Harvard Medical School, a médica tem MBAs de Saúde e Qualidade de Vida, de Marketing e Branding Médico e de Mindset, todos pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), e curso de Obesidade e de imersão em Medicina Culinária pela Universidade de Campinas (UNICAMP). Fez Fellowship pela European Association for the Study of Obesity, em Portugal; é speaker dos laboratórios Servier, Novo Nordisk, Novartis, Merck, AstraZeneca, Lilly e Boehringer. Instagram: @deborahberanger
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