Florianópolis é um dos destinos preferidos de turistas brasileiros e internacionais, como os argentinos, uruguaios e chilenos. Com uma paisagem estonteante, a Ilha da Magia recebeu, no último verão, 2,5 milhões de visitantes, que exploraram suas praias, realizaram passeios, praticaram esportes aquáticos e experimentaram a gastronomia local.
Agora, a capital de Santa Catarina pode entrar na rota do turismo de saúde, ao lado de São Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte. Conversamos sobre o assunto com o médico radio-oncologista Arno Lotar Cordova Junior, presidente da Liga Catarinense de Combate ao Câncer e ex-presidente da Sociedade Brasileira de Radiocirurgia.
O senhor acredita ser possível incluir a cidade no roteiro de saúde?
De acordo com a Associação Brasileira de Turismo de Saúde (Abratus), o Brasil deverá, a partir de 2030, atrair cerca de 2 milhões de turistas estrangeiros por ano, que virão em busca de tratamentos médicos e serviços de saúde. Acredito que podemos fomentar esse tipo de turismo aqui na cidade, priorizando, por enquanto, os visitantes brasileiros de outros estados. O paciente pode, por exemplo, vir a Florianópolis fazer um tratamento, enquanto sua família aproveita nossas praias maravilhosas.
Qual o perfil de pacientes que a cidade pode atrair?
Posso falar da minha área, que é a radioterapia. Como todos sabemos, o câncer é uma doença grave que requer estruturas complexas de diagnóstico e tratamento, bem como profissionais de saúde treinados. O Brasil, por suas dimensões continentais, é um país heterogêneo, com várias regiões onde faltam tais estruturas, mesmo em cidades onde parte da população tem um bom poder aquisitivo.
Mas a tendência não é esses pacientes procurarem os centros urbanos, que já têm uma tradição em turismo de saúde?
Depende. No caso da radioterapia, o que está acontecendo é a descentralização de tratamentos de ponta, agora acessíveis fora do tradicional eixo São Paulo-Rio. Por exemplo, a clínica onde trabalho, a São Sebastião Radioterapia, acaba de se tornar a primeira no Brasil a adotar o ExacTrac Dynamic, um sistema de radioterapia guiada por imagem de última geração da empresa alemã Brainlab. Este sistema oferece precisão submilimétrica com rastreamento térmico e de superfície, capacitando o médico a direcionar a radiação ionizante com extrema exatidão ao tumor alvo, preservando assim os tecidos saudáveis adjacentes. Como resultado, os tratamentos são concluídos em poucos dias e com menos efeitos colaterais, proporcionando um grande alívio para os pacientes e suas famílias. Há poucos anos, este tipo de equipamento estaria disponível apenas nos grandes centros, mas a descentralização das novas tecnologias começa a democratizar o acesso à saúde de alta qualidade para pacientes de todas as regiões do país.