Destacamos alguns pontos importantes:
- Não existe um limite de idade para o paciente que quer congelar sêmen, mas, após os 45 anos, espermatozoides podem apresentar queda na qualidade e fragmentação no material genético.
- Essas alterações podem causar problemas de saúde no bebê, baixo peso ao nascer e aborto espontâneo ou natimorto.
- O congelamento de sêmen é especialmente indicado em casos de futura vasectomia, tratamento de câncer, cirurgia da próstata e alta exposição a agentes tóxicos.
O congelamento de sêmen é um procedimento cada vez mais popular entre homens que desejam preservar a fertilidade. Sabemos que, no caso das mulheres, a quantidade de óvulos disponíveis decai com o tempo e, após a menopausa, congelá-los já não é mais possível. Nesse sentido, os homens também devem se preocupar com a ação do tempo? Existe um limite para o congelamento de sêmen?
“Não existe um limite de idade para o paciente que quer congelar sêmen, mas aqueles com mais de 45 anos podem ter queda na qualidade de espermatozoides e no seu material genético. Isso pode representar riscos à formação do bebê”, diz o Dr. Fernando Prado, especialista em Reprodução Humana, membro da Sociedade Americana de Medicina Reprodutiva (ASRM) e diretor clínico da Neo Vita.
O especialista explica que, após os 40 anos, a qualidade do esperma diminui. “Os cientistas concordam que a qualidade do esperma diminui com a idade, mas há menos consenso sobre o porquê e como isso ocorre. A queda na testosterona certamente desempenha um papel. As células de Leydig, nos testículos, geram níveis muito altos de testosterona que estimulam a produção de espermatozoides, mas essas células diminuem em número com a idade”, explica o Dr. Fernando. Há uma série de fatores que afetam a qualidade do sêmen, de forma que os principais problemas são concentração (percentual de espermatozoides no líquido do sêmen), morfologia (forma) e motilidade do espermatozoide (capacidade de se mover para o óvulo). “Ainda não está claro se a concentração de espermatozoides cai significativamente. Alguns cientistas até acham que a concentração poderia aumentar ligeiramente com a idade. Mas eles estão muito mais preocupados com a maneira como as mudanças na motilidade dos espermatozoides afetam a fertilidade masculina”, acrescenta.
Outro problema da fertilidade masculina tardia é a fragmentação do DNA espermático. “Ao contrário das mulheres, que têm um número finito de óvulos, os homens continuam produzindo espermatozoides ao longo de suas vidas. Mas, cada vez que o esperma é produzido, ele reproduz o DNA masculino e, a cada replicação, há o risco de mutações ou fragmentação do DNA. À medida que os homens envelhecem, a fragmentação do DNA aumenta, o que leva a um aumento também nas anormalidades cromossômicas, que podem causar problemas de saúde no bebê, baixo peso ao nascer e aborto espontâneo ou natimorto”, diz o médico. Há também um tema bastante controverso, mas importante: o risco de ter filhos com transtorno do espectro autista (TEA) aumenta com o avançar da idade paterna, já sendo notada essa diferença em homens que foram pais após os 30 anos e, mais especificamente, após os 40 anos. “Porém, as razões para esse aumento no risco de ter filhos com TEA em homens com mais idade ainda não são conhecidas”, destaca o médico.
Ou seja, idealmente, o sêmen deve ser congelado até os 45 anos, mas isso não quer dizer que homens após essa idade não possam, necessariamente, realizar o procedimento. “Tudo deve ser avaliado com o médico”, diz o especialista, que explica que o procedimento é especialmente indicado, por exemplo, em casos de futura vasectomia, pois assim, se houver mudança de planos no futuro, esse sêmen congelado pode ser usado para uma nova gravidez. “Homens que, por motivo de trabalho, estão muito expostos a agentes tóxicos também podem ter indicação para o congelamento, pois essas substâncias diminuem a quantidade e a motilidade dos espermatozoides. O procedimento também é indicado para pacientes que passarão por tratamentos de quimio e radioterapia, que podem levar à esterilidade, e cirurgias de próstata, que podem lesar os canais que transportam os espermatozoides”, detalha. O médico também afirma que o sêmen pode ser congelado quando o parceiro não consegue estar presente no momento da fertilização in vitro ou da inseminação, seja por questões de ocupação no trabalho ou por doenças.
Segundo o Dr. Fernando Prado, o congelamento de sêmen é um procedimento muito simples e a coleta, geralmente, é feita por masturbação. “Quando o homem tem a contagem reduzida ou ausência de espermatozoides no sêmen, é possível realizar um procedimento cirúrgico para retirada dos espermatozoides do testículo ou do epidídimo”, diz o médico. Após a coleta, o sêmen é encaminhado para laboratório especializado no congelamento. O material é resfriado em nitrogênio líquido até -196ºC. “No geral, recomendamos que sejam armazenadas diferentes amostras do sêmen para aumentar as chances de sucesso. E vale ressaltar que o congelamento de sêmen é um procedimento seguro, mais barato que o congelamento de óvulos, e os espermatozoides podem ser preservados por décadas, mantendo sua qualidade”, finaliza.
Fonte: Dr. Fernando Prado: Médico ginecologista, obstetra e especialista em Reprodução Humana. É diretor clínico da Neo Vita e coordenador médico da Embriológica. Doutor pela Universidade Federal de São Paulo e pelo Imperial College London, de Londres – Reino Unido. Possui graduação em Medicina pela Universidade Federal de São Paulo, Membro da Sociedade Americana de Medicina Reprodutiva (ASRM) e da Sociedade Europeia de Reprodução Humana (ESHRE). Instagram: @neovita.br
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