Poder Saúde: Peso fora do normal, desnutrição e até morte são consequências de transtornos alimentares; saiba identificar

Especialmente comuns em adolescentes e jovens adultas, transtornos alimentares têm complicações graves e podem até levar à morte, muitas vezes devido a complicações cardiovasculares. Prestar atenção aos sinais e buscar tratamento médico adequado são estratégias fundamentais para prevenir problemas.

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A busca excessiva pela magreza e por um padrão de beleza inalcançável; a obsessão pela alimentação saudável com uma dieta extremista; baixa autoestima; um período de pandemia marcado por estresse, medo e isolamento social; aumento da ansiedade… esses são fatores que podem levar ao desenvolvimento de quadros de transtornos alimentares, um problema que afeta cerca de 70 milhões de pessoas no mundo e 10 milhões de brasileiros, segundo a Associação Brasileira de Psiquiatria. “Os transtornos alimentares são doenças graves e multifatoriais que levam as pessoas a desenvolverem um relacionamento totalmente distorcido com sua imagem corporal e seus hábitos alimentares. Os mais comuns são a anorexia, a bulimia e a compulsão alimentar periódica, todas de difícil tratamento médico e com sérias consequências para a saúde, podendo, em situações descontroladas e extremas, colocar a vida em risco”, diz a Dra. Marcella Garcez, médica nutróloga e diretora da Associação Brasileira de Nutrologia.

De acordo com a Dra. Marcella, pessoas com anorexia evitam ou restringem severamente os alimentos e podem fazer exercícios incansavelmente. “Pessoas com bulimia geralmente purgam após a compulsão alimentar, vomitando ou usando laxantes ou diuréticos. Algumas pessoas com anorexia também comem compulsivamente”, diz a médica. Outros dois transtornos alimentares definidos mais recentemente são o transtorno da compulsão alimentar periódica e o transtorno da ingestão alimentar evitativa/restritiva, que afetam os comportamentos alimentares, mas não incluem obsessões com a imagem corporal. Além disso, outro problema dos transtornos alimentares é que, no contato com a comida, o desejo fala mais alto, muito mais do que a necessidade de nutrir o corpo. “Não é incomum que pacientes com transtornos alimentares tenham um padrão alimentar que não inclui alimentos saudáveis, como frutas, verduras e fontes de fibras. Portanto, não é incomum que faltem nutrientes”, completa.

Embora os transtornos alimentares possam afetar pessoas de qualquer idade ou sexo, eles ocorrem mais em meninas adolescentes e mulheres na faixa dos 20 anos. Os pais e outros entes queridos preocupados devem ficar atentos a sinais de que alguém está obcecado com seu peso, fazendo exercícios obsessivamente, saindo rotineiramente da mesa durante uma refeição para usar o banheiro ou usando roupas largas para esconder o quão magra está, explica a médica nutróloga. “Os sinais e sintomas de que o distúrbio alimentar de alguém pode estar causando problemas cardíacos incluem tontura, dor no peito, falta de ar, sangramento nasal frequente e falta de energia”, completa.

As consequências causadas pelos distúrbios alimentares são diversas, podendo levar até mesmo à morte. Nesse sentido, uma das principais preocupações está relacionada à saúde cardiovascular. “O coração é gravemente afetado pela perda de peso e pela desnutrição, de forma que, quanto mais grave for o distúrbio, maior será a probabilidade de a pessoa ter complicações cardíacas”, diz a médica nutróloga, que explica que os transtornos alimentares agem como se fossem uma bomba-relógio, causando alterações no coração que aumentam o risco cardíaco e, consequentemente, o de morte.

Dra Marcella Garcez

Diferentes distúrbios alimentares afetam o coração de maneira diferente. Segundo a especialista, pessoas com anorexia, por exemplo, devido à desnutrição e perda de peso, podem sofrer com encolhimento do músculo cardíaco e diminuição da frequência cardíaca, uma condição conhecida como bradicardia, na qual a frequência cardíaca é inferior a 60 batimentos por minuto em repouso. “Quando uma pessoa de qualquer tamanho corporal restringe a ingestão de alimentos, muitas vezes ela desenvolve uma frequência cardíaca lenta. Isso ocorre porque o corpo desacelerou o metabolismo. E, a depender do tamanho da restrição e do tempo, o coração atrofia. Ele fica mais lento como um urso hibernando”, acrescenta a médica. Em 2023, um artigo de revisão do Journal of Eating Disorders constatou que pessoas com anorexia têm o segundo maior risco de mortalidade de todas as condições psiquiátricas. Já um artigo do The British Journal of Psychiatry de 2020 trouxe dados do Canadá para mostrar que as pessoas hospitalizadas por distúrbios alimentares podem ter cinco a sete vezes mais probabilidade de morrer do que a população em geral.

Já no caso da bulimia, o problema é que o vômito excessivo e o uso de laxantes podem levar a um desequilíbrio eletrolítico, o que aumenta o risco de ritmos cardíacos anormais. “Os danos causados ao coração pela bulimia também podem causar insuficiência cardíaca congestiva e morte cardíaca súbita”, explica a Dra. Marcella.

Trazer alguém com um distúrbio alimentar de volta a um peso saudável pode resolver as mudanças estruturais no coração causadas pela desnutrição, mas isso deve ser feito com cautela e acompanhamento médico. “Pessoas gravemente desnutridas correm alto risco de síndrome de realimentação, que ocorre quando a nutrição é reintroduzida muito rapidamente. Pode ser fatal. Também é importante não culpar as pessoas pelo desenvolvimento de um transtorno alimentar. Estes não são distúrbios de escolha, e precisamos reconhecer isso. Há um componente genético. Se um dos pais o tiver, há uma grande chance de seus filhos também o desenvolverem”, finaliza a Dra. Marcella.

FONTE: *DRA. MARCELLA GARCEZ: Médica Nutróloga, Mestre em Ciências da Saúde pela Escola de Medicina da PUCPR, Diretora da Associação Brasileira de Nutrologia e Docente do Curso Nacional de Nutrologia da ABRAN. A médica é Membro da Câmara Técnica de Nutrologia do CRMPR, Coordenadora da Liga Acadêmica de Nutrologia do Paraná e Pesquisadora em Suplementos Alimentares no Serviço de Nutrologia do Hospital do Servidor Público de São Paulo. Além disso, é membro da Sociedade Brasileira de Medicina Estética e da Sociedade Brasileira para o Estudo do Envelhecimento. Instagram: @dra.marcellagarcez

 

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