No Brasil, o câncer de mama ocupa o topo da lista das patologias mais letais para as mulheres. Segundo estimativas do Instituto Nacional do Câncer (INCA), serão diagnosticados 73.610 mil novos casos até 2025. Por isso, a importância da campanha Outubro Rosa, que foca na importância do diagnóstico precoce. “Quanto mais cedo o tumor é diagnosticado, maior a chance de cura. Em alguns casos, ela pode chegar a 95% ou mais”, diz Maria Ignez Braghiroli, médica oncologista do Hospital das Clínicas (HC-FMUSP) e chefe da Residência em Oncologia da Rede D’Or
Segundo a médica, há um aumento global de casos de câncer, inclusive o de mama, na população mais jovem. “E isso é preocupante, pois sabe-se que os tumores que aparecem fora das faixas etárias de prevalência, ou seja, na idade adulta, costumam ser mais agressivos”, diz Maria Ignez.
No caso dos tumores de mama, a hereditariedade é determinante em apenas 10% dos casos. Nos outros 90%, os fatores de risco é que são mais importantes. A obesidade é um deles e está relacionada não só ao câncer de mama, mas a outros tipos como os de intestino e de estômago, por exemplo. A Organização Mundial de Saúde (OMS), aliás, considera o sobrepeso como o segundo maior fator de risco para o câncer – o primeiro é o tabagismo. O excesso de peso causa um estado de inflamação crônica no corpo, favorecendo a multiplicação desordenada das células, processo que está na origem das neoplasias. Por isso, adotar um estilo de vida saudável que inclui cuidar da alimentação, praticar atividade física com regularidade, não fumar e não abusar de bebidas alcoólicas é o primeiro passo para prevenir não só o câncer de mama, mas também os outros tipos.
Cada caso é um caso
O autoexame das mamas é importante, mas, que fique bem claro, não substitui o exame clínico realizado pelo médico no consultório nem outros exames de imagem e laboratoriais que ele pode solicitar. “O autoexame não é suficiente para detectar tumores menores do que 2 cm, algo que só os exames de imagem são capazes de identificar”, diz a médica.
Falando em mamografia, que é o principal exame de rastreamento do câncer de mama, o Ministério da Saúde preconiza que mulheres acima de 50 anos façam uma mamografia a cada dois anos. Por outro lado, a Sociedade Brasileira de Mastologia (SBM), o Colégio Brasileiro de Radiologia e Diagnóstico por Imagem (CBR) e a Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (FEBRASGO) recomendam mamografias anuais para mulheres acima dos 40 anos. “A periodicidade ideal depende de cada paciente. Por isso, a primeira recomendação é consultar um médico para saber o que ele indica. Pacientes com histórico familiar da doença, por exemplo, podem ter que começar a fazer mamografias antes da quarta década de vida”, explica Maria Ignez.
E sempre é bom lembrar que há alguns sinais que devem ser imediatamente avaliados por um médico, pois podem indicar a presença de tumor nas mamas: vermelhidão, inchaço, dores ou sensação de peso nos seios; inchaço em uma das mamas, que pode se estender para a axila e o braço; alterações na forma e na simetria; sulcos que dão a impressão de que há “buracos” em uma ou mais regiões dos seios; e presença de secreção nos mamilos.