Por Ana Elisa Meyer
Designer, pintor, ilustrador, decorador e artesão, Piero Fornasetti (1913-1988) usava imagens de seu passado como referência para criar suas gravuras e estampas. Nascido em Milão, frequentou a Academia de Belas Artes de Brera entre 1930 e 1932, mas acabou sendo expulso por insubordinação. Após exilio na Suíça durante a Segunda Guerra Mundial, retornou para a Itália, na década de 1940, e iniciou sua carreira artística. Nessa época conheceu grandes nomes da arte surrealista, como Giorgio de Chirico e Giacomo Manzù, e, também, o arquiteto e designer Gio Ponti, que foi quem o introduziu na arte da decoração de interiores.
Prolífico, o fato de dominar múltiplas técnicas garantiu um estilo único a Fornasetti: cheio de humor, ironia, magia e surrealismo, que conquistou a alta sociedade de diversos países. Uma das principais marcas do artista foi sua obsessão em reproduzir estampas e gravuras com o rosto da soprano Lina Cavalieri, que descobriu enquanto folheava uma revista francesa do século 19. O fascínio por sua beleza, feminilidade e expressão enigmática o levou a criar uma série chamada “Tema e Variações”, com 350 intervenções sobre o rosto da cantora impressas em pratos, cinzeiros, bandejas e vários outros objetos. Criou, ao longo de sua carreira, mais de 11 mil produtos nos quais o contraste entre a realidade e a ilusão sempre estiveram presentes.
Atualmente, quem comanda o legado do artista é seu filho, e também designer, Barnaba Fornasetti, que ficou responsável por reeditar as obras do pai, criando novas versões, mantendo as linhas originais, e, acima de tudo, recuperando arquivos esquecidos no tempo.