Mais falante dos “onze” do STF, Gilmar Mendes certamente não decepcionou seu entrevistador Jamil Chade, colaborador do portal UOL. Em entrevista publicada nesta quarta (23), o ministro falou sobre os atos de 8 de janeiro, a “vitalidade da democracia” brasileira e a “resiliência de nossas instituições”. Ele disse que, em comparação à invasão do Capitólio, “talvez estejamos muito mais adiantados”.
O ministro, que ensejou reportagem de capa da revista PODER no fim de 2019 – leia aqui –, usou a expressão “fuga para frente”, criticando a “politização” das PMs, com oficiais e outros membros das polícias militares concorrendo em eleições legislativas sem risco de perda de seus cargos. Gilmar sugeriu um mecanismo de renúncia unilateral para quem quiser enfrentar as urnas (eletrônicas):
“Quem quiser fazer carreira política, sair do Exército ou do Ministério Público, que se licencie e saia. Sem poder voltar. Isso seria fundamental e seria uma resposta para essa possibilidade de politização.”
Por fim, Gilmar disse que as Forças Armadas foram “muito lenientes” com Bolsonaro, na frase que virou a pérola dos motores de busca da entrevista.
“Não acredito que as Forças Armadas tenham se engajado num projeto de golpe. Mas é notório que foram muito lenientes com Bolsonaro. Se não quisermos ver outros exemplos, basta ver esse assentamento de pessoas na frente dos quartéis. Imaginemos que o MST quisesse fazer um assentamento diante de um quartel.”