Lula chegou nesta segunda (21) à África do Sul para novo encontro do Brics – o 15º –, reunião que deve expor as contradições do bloco, que vê as nações asiáticas – China e Índia – expandirem-se economicamente, enquanto as demais, Brasil, Rússia e África do Sul, comeram poeira nos últimos 15 anos. Considerando os valores do comércio internacional dos cinco países, em 21 anos, até 2022, o da China cresceu 14%, ficando com 69% de todo o montante somado dos Brics.
Não à toa, a revista The Economist, em reportagem sobre o encontro, faz uma brincadeira com Xi Jinping, chamando-o de “supersize Xi”. China e Índia cresceram 6% em média, por ano, desde 2013; Brasil, Rússia e África do Sul menos de 1%, anualmente, no mesmo período.
Por isso, embora Lula aspire uma liderança mundial e se interesse por um Brics vitaminado, é a China que busca genuinamente expandir o clube, como forma clara de se contrapor ao G7 e aos Estados Unidos. Conversam para uma possível adesão ao bloco cerca de 20 países, entre eles Emirados Árabes, Arábia Saudita, Egito, Irã, Argentina, México, Argélia, Indonésia, Bangladesh.
Já na África do Sul para a reunião dos BRICS. 🇧🇷🇿🇦
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— Lula (@LulaOficial) August 21, 2023
Caso ocorram mesmo as adesões, o Brics passaria a ter 58% da população mundial (hoje, 41%) contra 10% dos membros do G7. O PIB subiria para 34%, menor do que o do G7, mas o dobro dos Estados Unidos. Mesmo assim, como diz o semanário, a China permaneceria como a “vida, a alma e o bolso” do bloco, ficando com 55% da economia do Brics expandido.
A Economist é cética em relação à criação de uma moeda de uso comum para o comércio dos países do bloco, algo já verbalizado por Vladimir Putin, Lula e Xi, por acreditar que nenhum dos países mais fortes do Brics abriria mão de seu próprio Banco Central e de uma postura de dominância em relação à contraparte.