A confissão de fé do presidente da Câmara Federal, Arthur Lira, no regime semipresidencialista, em que ônus e bônus na gestão e gerência do país são divididos entre Executivo e Legislativo, passou batido ao longo de uma semana em que só se falou de outra coisa.
No programa Roda Viva de segunda-feira (31), Arthur Lira fez notável discurso a favor do regime, que foi objeto de comissão especial na Câmara Federal no fim de 2022 e cujo relatório aponta previsão de aplicação no país a partir de 2030, a depender, contudo, de aprovação por plebiscito nacional.
Lira disse no programa que “só tem responsabilidade absoluta na gestão quem gere”, dando a entender que o Congresso deveria repartir não só os bônus do atual regime presidencialista — coisas como os instrumentos de execução orçamentária como as emendas impositivas — o que chamou no televisivo de “aplausos”.
“Eu sempre defendi o semipresidencialismo, porque fazendo uma autocrítica da minha Casa [Câmara Federal]… a minha Casa muitas vezes vota em matérias que dão apoio e aplausos (…) como foi alguns pisos e algumas situações, e não tem a grandeza e a dificuldade do impacto que isso vai gerar.”
Talvez por ser tema considerado abstrato demais pelos jornalistas — mais interessados no “Roda” em confrontar Arthur Lira com seus rolos domésticos e pedidos de censura a alguns órgãos de imprensa –, o assunto morreu ali mesmo. Não ajudou também que só se falasse de outra coisa em Brasília esta semana — das posses de Celso Sabino no Esplanada a Cristiano Zanin no STF às discussões pela descriminalização da posse de drogas no Supremo.