O presidente Lula voltou a repetir o monólogo habitual — digo, o diálogo habitual com o jornalista ex-TV Globo Marcos Uchôa — na oitava edição de sua live das manhãs de terça-feira.
Neste 1º de agosto, Lula brincou novamente com o fato de alguns críticos justificarem seus acertos por conta da “sorte” — “mais sorte vai ter o Brasil, ter um cara com sorte governando este país. Quem quiser urucubaca, não é com Lula” –; associou-se novamente à democracia e à distribuição de renda e, uma vez mais, criticou a imprensa que “muitas vezes fala que eu fiz o que eu não fiz”, numa alusão a suas conversas com o Congresso Nacional e com o Centrão, que ele chamou de “construção teórica”.
De novo mesmo, um foco maior em turismo, com o presidente se detendo por vários minutos sobre as belezas, a diversidade cultural e a rica gastronomia do país — das formigas da Paraíba ao torresmo de Minas Gerais, além da tripa de porco que ele um dia serviu para colegas num avião.
O presidente quer um programa para baratear o custo das viagens internas — viajar de Brasília para São Paulo é mais caro do que ir a Miami, ele disse — e, assim “facilitar viagem de aposentado, trabalhador, empregada doméstica”. Lula não citou seu ministro dos Portos e Aeroportos, Márcio França (PSB), que chegou a divulgar um plano de passagens aéreas mais baratas para aposentados, mas fez menção de uma conversa com seu novo ministro do Turismo, Celso Sabino (UB-PA), o primeiro contemplado do Centrão (ops, foi mal) na sua propalada reforma ministerial.
Lula também disse que vai tentar fazer sair uma canal de TV em que “coisas boas” do Brasil possam ser divulgadas no exterior. Disse que uma vez na África do Sul para ver o Brasil teria de entrar no canal venezuelano ou em emissora aberta brasileira que exibia programas de violência. “O Brasil não é truculento, o Brasil é feliz (…) o Brasil é único pais do mundo que o povo conta piada sobre a sua própria desgraça (…) que faz samba do seu sofrimento.”
O presidente também solou sobre a nomeação do novo PGR e, repetiu, talvez literalmente, o que havia dito sobre a primeira vaga que preencheu no STF, com o advogado Cristiano Zanin. “Vou ouvir muita gente (…) Tudo isso é um problema meu, que está dentro da minha cabeça (…) ninguém tem de ficar tentando adivinhar.”
Claro que a Operação Lava Jato, que o encarcerou em Curitiba, e o ativismo do Ministério Público foram criticados nessa hora. “O Ministério Público era uma das instituição que eu idolatrava nesse pais (…) depois dessa quadrilha que o [ex-promotor Deltan] Dallagnol montou, eu perdi muita confiança (…) Era um bando de aloprados, achavam que poderiam tomar o poder atacando todo mundo ao mesmo tempo. Fizeram a sociedade brasileira refém durante muito tempo.”