Não passou batido, como era de se imaginar, a fala do ministro do STF Luís Roberto Barroso na abertura de mais um congresso da UNE, em Brasília, na quarta (12). Em reação às vaias com que foi recebido, o ministro fez um inventário de “vitórias” contra ameaças diversas à democracia das quais “nós” saímos ganhadores.
Barroso usou mesmo o “nós”, o chamado plural majestático, para dizer que “derrotamos” a “censura”, a “tortura” e o “bolsonarismo”, e não demoraram as reações da direita e da direita-extrema no Twitter.
O senador Flávio Bolsonaro republicou uma capa do jornal O Globo com atuação de ministros do STF no TSE e escreveu: “Quero ver a redação relativizar o crime de atuação politico-partidária do ministro do STF Barroso. ‘Derrotamos o bolsonarismo’ de que forma? Começou com atuação política contra a PEC do voto impresso na Câmara? Precisamos de respostas e vamos tomar as medidas cabíveis.”
A deputada federal Bia Kicis (PL-DF), que já foi presidente da CCJ da Câmara Federal, foi incisiva e razoavelmente sintética: “O ministro do STF e do TSE Barroso afirmou em evento da UNE que venceu o Bolsonarismo. Em evento político partidário confessou que atuou contra uma força política. Gravíssimo! Nós, da oposição, entraremos com pedido de impeachment.”
O deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG), que teve a maior votação histórica para a Câmara em 2022, publicou texto muito semelhante ao de Bia e, em segundo tuíte, postou a “atuação” de Barroso no evento da UNE, inserindo sobre o vídeo homepages e páginas de jornais com comentários sobre manifestações anteriores de Barroso.
— Nikolas Ferreira (@nikolas_dm) July 13, 2023
O STF foi rápido na manhã desta quinta (13) em soltar nota oficial desvinculando-se da fala de Barroso. “Como se extrai claramente do contexto da fala do ministro Barroso, a frase ‘‘nós derrotamos a ditadura e o bolsonarismo’ referia-se ao voto popular e não à atuação de qualquer instituição”.