Embora muitas linhas tenham sido usadas nos portais de internet e minutos quase incalculáveis queimados nas emissoras all-news para falar da iminente reforma ministerial, pouquíssimos dedicaram-se a mostrar que a equidade de gênero está seriamente ameaçada na Esplanada.
Caso os ministérios cobiçados pela agremiação adesista Centrão — ou, como prefere Lula, pelos partidos com os quais o governo federal negocia — sejam mesmo, como os analistas políticos ventilam, o do Turismo, o dos Esportes e ainda a presidência da Caixa, três mulheres deixariam a chefia das pastas e a do banco estatal.
E o Centrão — ou melhor, os partidos com os quais Lula 3 negocia — não se caracteriza exatamente por ser uma agremiação adesista preocupada com a equidade. Para o Turismo, já é dada como certa a troca da ministra Daniela Carneiro pelo deputado federal Celso Sabino (UB-PA); e para as demais vagas, não se ouviu falar de mulheres na boca do gol.
Com tudo isso, surpreende que só nesta quarta (12) alguém tenha mencionado o problema. E foi a ministra Simone Tebet (Planejamento e Orçamento), que, quando candidata a presidente em 2022 também contra Lula, fez da equidade uma promessa e um trunfo poderosos.
Em evento em Brasília, ela disse que, em caso de mudança ministerial, “vamos torcer para que sejam colocadas mulheres. Se não for nesses postos, que possam assumir novos cargos”.
O presidente Lula, no evento, ainda tentou jogar uma bomba para cima dela — e para cima também do presidente do BNDES, Aloizio Mercadante — ao mencionar a possibilidade de baratear os preços de eletrodomésticos com incentivos aos fabricantes e dizer que para isso precisaria que Simone e Mercadante “abrissem a mão”.
Ela foi rápida aos jornalistas, depois, e disse que tal plano não está em discussão.