Antagonizada pelo “agro ogro”, Marina Silva vê transformação gradual para agricultura de baixo carbono

Marina Silva || Crédito: MMA

Ministra do Meio Ambiente discursa no lançamento do Plano Safra, cerimônia em que Lula diz que "governo responsável não insufla ódio"

Numa (talvez) involuntária estratégia de morde-e-assopra, o governo Lula 3 afagou para depois dar uma palmadinha leve no agronegócio brasileiro. Nesta terça (27) em que todo o governo está mobilizado para lançar o Plano Safra com direito a investimento recorde, Lula e Marina Silva, ministra do Meio Ambiente, se alternaram na função de tiozões amigões mais ou menos condescendentes do setor.

Lula já havia dado o tom na live presidencial da manhã desta terça, alternando elogios ao grande e ao pequeno agricultor; mais tarde, aproveitou seu discurso na cerimônia do Plano Safra no palácio do Planalto para novamente acalentar o setor que tanto apoiou Jair Bolsonaro nas eleições de outubro.

“Se enganam aqueles que pensam que o governo vai fazer mais ou menos porque tem problemas com o agronegócio brasileiro. A cabeça de um governador responsável não age assim. A cabeça de um governo responsável não tem a pequenez de ficar insultando e insuflando o ódio entre as pessoas.”

Presente ao mesmo evento, Marina Silva, normalmente antagonizada pelos atores mais reacionários do agro — conjunto que a própria Marina já chamou de “ogro” –, destacou que o Plano Safra segue parâmetros de sustentabilidade. Ainda que represente apenas 3% do montante principal do Plano, R$ 12 bi foram separados para subsidiar agricultores que operarem transição para uma agricultura de baixo carbono.

“Não vai transformar o setor da noite para o dia. Isso é trabalho, é investimento. Temos que dar os primeiros passos”, disse.