Fernando Henrique Cardoso, que completa 92 anos neste domingo (18), foi um grande presidente que se dizia acidental. “Perdi a eleição para prefeito de São Paulo, mas virei presidente da República. A democracia é assim”, brincava ele, em discursos diversos já como ex-presidente brasileiro, ao descrever sua trajetória política.
O intelectual e o político FHC tem importância fundamental para o Brasil, do processo de redemocratização à estabilidade econômica. Sociólogo pela Universidade de São Paulo (USP), ele se formou em 1953, e suas pesquisas e trabalhos acadêmicos eram focados nas peculiaridades do Brasil. FHC foi assistente de sociólogos renomados, caso de Florestan Fernandes e do francês Roger Bastide; também trabalhou com o historiador Fernand Braudel, que também era francês.
Exilou-se no Chile em 1964, ano do golpe, e, mesmo no estrangeiro, continuou estudando sobre o Brasil e publicando artigos relacionados à relação incomum entre Estado e o setor privado brasileiros.
Grande estadista
Sua carreira na política também é notável. Participou de momentos importantes da história do país. Um dos fundadores do PSDB, FHC foi Ministro das Relações Exteriores e Ministro da Fazenda no Governo Itamar Franco, além de ter ocupado o Alvorada por duas vezes consecutivas.
Como Ministro da Fazenda de Itamar, foi ele o responsável pelo Plano Real, em 1994, que estabilizou a economia do país, sacudido pelos solavancos da hiperinflação desde a década de 80. O real entrou em vigor no final daquele ano e FHC foi eleito para seu primeiro mandato, em 1995, sendo reeleito quatro anos depois. O segundo mandato, vale dizer, foi possível, porque FHC conseguiu aprovar no Congresso a emenda da reeleição.
O governo FHC foi marcado por realizações importantes para o país como a universalização do ensino, que se tornou prioritária quando ele ocupou o Alvorada pela primeira vez. A revolução das políticas públicas também foi iniciada em sua gestão. FHC e a primeira-dama D. Ruth Cardoso estiveram à frente de uma extensa agenda de políticas públicas voltadas para a parcela mais vulnerável da população.
FHC também fez da política externa um fator de credibilidade para o Brasil, evitando o isolamento do país no cenário internacional e construindo acordos com outras nações.
Liderança tranquilizadora
FHC enfrentou vários contratempos no Alvorada – caso da crise na Ásia, em 1997; da moratória russa no ano seguinte; e do ajuste cambial brasileiro, em 1999 – só para citar três.
Seu jeito tranquilo e charmoso de lidar com as circunstâncias mais adversas criou uma espécie de bordão entre os jornalistas políticos da época, que costumavam dizer que as crises de saiam de seu gabinete no Planalto menores do que entravam.
Sua trajetória em dois mandatos (1995 – 2002) está sendo celebrada pela Fundação FHC na série de artigos “FHC: Ação Política”, que narra também sua participação na redemocratização brasileira e, como tucano histórico, na criação do PSDB. O artigo “Fernando Henrique Chega ao Palácio do Planalto” relembra a conjuntura que levou à vitória nas urnas o então ministro da Fazenda de Itamar Franco, popularizado pelo êxito do Plano Real e pela estabilização econômica.