Lira leve e solto cobra Lula, mas PT só bate em Campos Neto

Lira, Lula e Campos Neto || Crédito: Bruno Spada/Câmara dos Deputados/Jefferson Rudy/Agência Senado/Marcos Corrêa/PR

Enquanto presidente da Câmara pede cabeça de ministro e posição sobre 2026, partido chama Campos Neto de "dândi do mercado financeiro"

Enquanto um extravagantemente loquaz Arthur Lira (PP-AL) fala mais que o homem da cobra, virando figurinha fácil nas TVs “all news” a cobrar de Lula cabeça de ministro e até posição sobre as eleições de 2026, o PT e seus canais de divulgação preferem virar suas baterias em outra direção: na de Roberto Campos Neto.

O presidente do Banco Central não é apenas tratado com desmazelo por Lula, que volta e meia insere “esse sujeito” em seus discursos, como pelas principais lideranças do PT, mormente a presidente da legenda, deputada federal Gleisi Hoffmann (PR). A questão de fundo, como se sabe, é a manutenção da taxa de juros em níveis estratosféricos, apesar da inflação declinante.

Gleisi já disse que Campos Neto deveria “pedir para sair” de seu cargo, entre outros mimos.

Campos Neto sistematicamente se defende dizendo que a “fulanização” não é correta, já que a opção “técnica” das reuniões do Comitê de Política Monetária (Copom) pela manutenção da taxa de juros é de um colegiado, não exclusivamente dele.

Seja como for, o site do PT, canal oficial do pensamento do partido, tampouco trata o presidente do BC com ternura. Um texto noticioso cujo título começa com “Chefe do BC de Bolsonaro” tem, num único parágrafo, as seguintes definições para Campos Neto: “dândi do mercado financeiro”; alguém que “não larga mão de seu bolorento economês de burocrata de banco, cultivado com esmero nas salas bem refrigeradas do BC”.

O texto, após essa montanha de elogios, dá conta da cobrança feita pela empresária Luiza Trajano a Campos Neto num encontro do sindicato patronal varejista na segunda (12). Nele, a Sra. Magalu pediu explicitamente ao chefe do BC a redução da taxa de juros na próxima reunião do Copom.

“Queria te pedir, em nome dos brasileiros, para dar um sinal — e não é de 0,25 ponto, precisamos de mais”, rogou Luiza.