No vale-tudo da campanha eleitoral de 2022 ou, melhor, no vale-tudo dos anos de ataque às instituições civis brasileiras, imputar a um político que entrasse no Complexo do Alemão, no Rio de Janeiro, ligações com o narcotráfico, era mato. Talvez ele nem precisasse entrar para a suspeita ganhar o holofote das redes: bastava o político usar um boné preto com a sigla CPX, uma abreviatura “hype” de Complexo.
Lula não só usou o boné como entrou no Alemão durante a campanha eleitoral, sendo imediatamente associado ao crime por seu opositor.
Pois bem: o camarada que deu a “bombeta” a Lula acaba de ser relacionado pela revista Time como um dos líderes globais da nova geração. Rene Silva, 28 anos, que fundou o jornal e hoje ONG A Voz da Comunidade, do Complexo, disse à Time que costumava ver os jornais e “não encontrar a favela que ele conhecia”. “A mídia sempre falava de tráfico de drogas, violência e morte – por isso as pessoas de fora pensavam que isso tudo acontecia aqui.”
René fundou A Voz quando tinha apenas 11 anos. Hoje com 35 funcionários, ela é uma prova de que o “jovem líder” vem cumprindo a missão que ele mesmo se propôs:
“Minha missão é garantir que a favela tenha uma voz cada vez maior”, disse à Time.