Ao final de seu primeiro mandato como presidente, entre 2005 e 2006, Lula esteve muito pressionado por conta das revelações do Mensalão. Mas o escândalo não foi suficiente para tirar o favoritismo do petista, que foi reeleito em 2006 tendo como oponente no segundo turno seu atual vice-presidente, Geraldo Alckmin, então no PSDB.
Na época, ficou famoso o bordão “deixa o homem trabalhar”, feito à feição para que Lula pudesse se livrar dos “encostos” do esquema de compra de governabilidade de sua gestão. Enquanto o homem trabalhava, as imputações criminais caíam sobre as costas de José Dirceu, seu então ministro da Casa Civil.
Pois o homem, em 2023, não quer deixar seus ministros trabalharem. Quer dizer, mais ou menos.
O homem não quer que os ministros façam divulgações de seus inúmeros programas sem uma ação articulada com a Casa Civil, comandada pelo ex-governador baiano Rui Costa.
Foi o que ele disse ao abrir a reunião ministerial desta terça (14).
“Nós não queremos proposta de ministros. Todas as propostas de ministros deverão ser transformadas em propostas de governo. E só serão transformadas em propostas de governo quando todo mundo souber o que vai ser decidido”, disse, para depois pegar ainda mais pesado:
“Qualquer genialidade que alguém possa ter é importante que, antes de anunciar, [o ministro] faça uma reunião com a Casa Civil, para que a Casa Civil discuta com a Presidência da República e a gente possa chamar o autor da genialidade e anunciar publicamente, como se fosse uma coisa do governo, que esteja de acordo com os outros ministros, que esteja de acordo com a Fazenda, o Planejamento.”
Ele disse que casos já aconteceram e “não podem se repetir”.
“A gente também não pode correr risco de anunciar coisa que não vai acontecer”, disse Lula, que teve sua fala inicial transmitida pela TV Brasil.