Um dos ex-ministros de Minas e Energia de Jair Bolsonaro, o almirante Bento Albuquerque foi guindado ao palco de um dos mais rumorosos escândalos póstumos, digamos, da presidência Jair Bolsonaro: o da entrada no Brasil das joias avaliadas em R$ 16 milhões ofertadas ao país pela realeza saudita.
Era Bento o portador do presente quando este chegou à alfândega do aeroporto de Guarulhos, e o almirante optou pelo corredor “nada a declarar”, ou seja, tentou entrar com o material sem, conforme reza a lei para algo de tal valor, avisar o fisco. Alguns comentaristas políticas, apropriadamente, chamaram Albuquerque de “mula”, como são conhecidas as pessoas contratadas para adentrar com algum conteúdo ilegal – muitas vezes drogas – num determinado país.
A “operação” como se sabe, não deu certo – os mimos ficaram retidos, o que levou o Planalto a encetar uma sucessão de tentativas algo bizarras de resgate das joias, igualmente fracassadas.
Albuquerque prestou depoimento à Polícia Federal nesta terça (14).
Nele, o almirante mudou a narrativa original, contradizendo-se em relação ao que havia dito antes. Segundo apurou o jornal O Estado de S.Paulo, Albuquerque disse desconhecer o conteúdo do pacote, mas afirmou que seu destino seria o governo brasileiro. Ele havia dito inicialmente que “as joias” “deveriam” ser para a então primeira-dama, Michelle Bolsonaro.
Para a divulgação estrita e correta da história, é importante dizer que Bento conseguiu passar pelo “nada a declarar” com ao menos uma caixa ofertada pelos sauditas: a que continha um relógio que teria ficado com Bolsonaro.