Numa quarta-feira (23) em que editores e articulistas dos principais meios de comunicação brasileiros parecem ter combinado o dia para criticar a articulação política do governo Lula 3 na condução da famigerada PEC do redivivo Bolsa Família, o senador Renan Calheiros (MDB-AL), apoiador entusiasmado de Lula, também engrossou o coro dos descontentes.
Renan, ao que tudo indica, incomoda-se especialmente pela tentativa de composição dos procuradores do presidente eleito com o atual presidente da Câmara Federal, Arthur Lira (PP-AL), opositor paroquial e estadual de Renan; e também com o velho e ruim Centrão, a agremiação parlamentar adesista que Lira comanda.
O laissez-faire com que os petistas tratam Lira em novembro indicam possível apoio ao alagoano em seu pleito pela recondução à presidência da Câmara, em fevereiro.
Disse Renan, à Globo News: “A PEC não é caminho único. Acho que recorrer ao Centrão antes mesmo de tomar posse também foi um erro. Isso é muito ruim, manter essas estruturas ilegais no Poder (…) O Centrão sempre faz a mesma coisa (…) Não dá para criar uma serpente no nosso quintal.”
Embora não tenha explicado as tais estruturas ilegais, supõe-se que Renan aludia ao orçamento secreto, a coletânea de emendas impositivas, prerrogativas dos parlamentares no uso do Orçamento Federal, emendas cuja destinação, normalmente para pequenas prefeituras, tem baixíssima transparência.
O instrumento é estratégico nas eleições. E, bobeou, as eleições para prefeitos e vereadores de 2024 estão aí.