Ex-deputado federal e ex-ministro do Trabalho nas gestões Lula II e Dilma I, o presidente nacional do PDT, Carlos Lupi, está numa sinuca de bico. Com a autoimplosão de Ciro Gomes, candidato presidencial de sua sigla, as opções para uma possível composição do PDT com o PT e demais partidos de esquerda que apoiam Lula no segundo turno vão se estreitando.
Os ataques de Ciro a Lula, nivelando-o a Bolsonaro, talvez no intuito de minerar algum voto entre o eleitor conservador, não se refletiram em aumento de popularidade do ex-governador cearense, ao menos segundo as pesquisas de opinião. Pior: podem ter ajudado Bolsonaro. Na pesquisa Datafolha de sexta (10), Ciro perdeu dois pontos em relação à rodada anterior — e o incumbente ganhou exatamente dois.
O PDT está dividido em relação ao apoio em segundo turno a Lula. No Nordeste, a tendência é francamente pelo apoio; no Sul, de neutralidade. Com o discurso dos últimos dias do PT em favor do voto útil, ciristas — e Lupi — ganharam um pretexto para fechar (ainda mais) a cara para o PT. O problema é o que fazer depois.
Não se ouviu ainda uma crítica pública de Lupi a Ciro — seria, afinal, a gota d’água. Mas tudo pode mudar — e muito rapidamente — se Ciro seguir estacionado no terceiro lugar ou, pior dos mundos para ele, se for superado nas pesquisas por Simone Tebet (MDB).