Recessão global vira (quase) caçapa cantada para bancões

CEO do Deutsche Bank e analistas do Citi preveem “50% de chance” de recessão global em 2023; “Doutor Catástrofe” Nouriel Roubini descarta “pouso suave”

Nouriel Roubini || Crédito: WORLD ECONOMIC FORUM/swiss-image.ch/Valeriano Di Domenico

Não é por falta de aviso – ou, vá lá, de torcida. Nesta quarta-feira (21), economistas de dois aríetes do capitalismo comme il faut, o Deutsche Bank e o Citibank, previram que a chance de uma recessão acometer o mundo em 2023 é de “50%”.

O problema, mais do que as quebras das cadeias globais de suprimento, o prolongamento do conflito na Ucrânia, o bloqueio às commodities russas e o surto de Covid que a China viveu poucas semanas atrás, é, na opinião dos especialistas, o aumento dos juros promovidos por bancos centrais dos países desenvolvidos, notadamente os Estados Unidos.

Em carta, analistas do Citigroup, que controla o Citibank, justificaram a previsão sombria com o quase truísmo de que “a história indica que deflação frequentemente traz custos significativos para o crescimento” e pediram ações dos bancos centrais, conforme registrou a agência Bloomberg.

Nesta mesma quarta, o CEO do Deutsche Banck, Christian Sewing, também apostou no “placê”, prevendo 50% de chance de recessão pelos mesmos motivos, além de citar a carestia nos países em desenvolvimento.

O economista Nourel Roubini, um dia apelidado de “Dr. Doom” (Doutor Catástrofe)”, voz solitária na antecipação do fim do ciclo virtuoso das commodities na década de 00, já havia escrito há cerca de 20 dias que não se deveria acreditar em “pouso suave” – jargão do setor para controle hábil das turbulências econômicas cíclicas.

“O grau de aperto da política monetária necessário [para lidar com a inflação e outros problemas] levará inevitavelmente a um pouso forçado, na forma de recessão e aumento do desemprego”, previu Roubini.