Num movimento isolado, e por isso bastante corajoso, o deputado federal David Miranda (RJ) trocou o Psol pelo PDT, do presidenciável Ciro Gomes. Em entrevista publicada nesta quinta (27) à Folha de S.Paulo, ele disse que vem sendo vítima de ataques virtuais oriundos da esquerda, seu campo ideológico.
“É realmente muito triste ver militantes de esquerda adotando as mesmas táticas do bolsonarismo, inclusive disseminação de fake news, e comentários de viés racista e homofóbico muitas vezes. Nos faz pensar que talvez não seja apenas a direita que possua um gabinete do ódio”, disse, o que provavelmente irá aumentar ainda mais a combustão do fogo (muy) amigo.
David, que era o primeiro suplente do Psol em 2019 e assumiu a vaga de Jean Wyllys, que decidiu se exilar por conta, segundo comunicou, de ameaças que recebia, notadamente de bolsonaristas. Na entrevista ao matutino paulista, em que demonstrou muita lucidez, o deputado disse ainda:
“Eu acredito que há uma confluência de diversos fatores que geram esse fenômeno: o desespero pela superação da política genocida de Bolsonaro; a construção da figura de Lula como figura messiânica/salvadora, portanto ‘incontestável’ —reforçada por sua prisão ilegal, da mesma forma que a facada reforçou essa imagem para Bolsonaro; e até mesmo a lógica do identitarismo que perpassa não apenas os marcadores de raça, sexo, gênero e orientação sexual, mas agora também de afiliação política.”
David concedeu a entrevista por escrito, e o parágrafo acima é textual.
O Psol passa por um momento crítico, tendo perdido alguns de seus expoentes para outras agremiações de esquerda. Marcelo Freixo ingressou no PSB em buscar de ampliar seu arco de alianças e se tornar mais competitivo na disputa pelo governo do Rio, em outubro; e o próprio Jean Wyllys, que volta a tentar as urnas em 2022, mas desta vez pelo PT.