A comparação é tremendamente inapropriada, mas segue assim mesmo. Se Frank Sinatra é “The Voice” pelas razões conhecidas, Gilmar Mendes é a voz – ou, vá lá, o “Tuíte” – do Judiciário. Figura mais eloquente do STF – não que não possua concorrentes dispostos a só falar fora dos autos –, o ministro reapareceu no Twitter nesta sexta-feira (5) após séculos de silêncio, o que, no caso dele, correspondem a exatamente três dias.
Escreveu Gilmar: “A seletividade, os métodos de investigações e vazamentos: tudo convergia para um propósito claro – e político, como hoje se revela”. Embora não tenha dado nome ao boi, ou aos bois, o rebanho tem nome, sobrenome e ambições políticas: é o ex-procurador da Lava Jato e muito provável novo aspirante a parlamentar Deltan Dallagnol, o mais proeminente dos meninos de Curitiba, que veio a público comunicar que está a largar o MP.
(Houve, como precedente, ainda movimentos daquele outro, que também assumiu recentemente sua campanha presidencial, com direito a pôster com bandeira de fundo, slogan em letra cursiva e o caramba.)
Gilmar, que foi dos que votou pela parcialidade de Sergio Moro nos julgamentos envolvendo o ex-presidente Lula na Lava Jato, foi capa da PODER de novembro de 2019, quando então chamou os promotores da Operação de “gente ordinária, chinfrim, mequetrefe, [que] se achavam soberanos”.