Nova sensação gastronômica de Brasília, Piselli quer “grandes decisões” tomadas lá

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Em entrevista a PODER Online, controlador Juscelino Pereira, nome que tributa JK, fala do sonho de chegar ao DF e da necessidade de “mesas privadas e salas fechadas”

Na contramão de outros restaurantes famosos em São Paulo que se aventuraram em Brasília e, hoje, fecham as portas por falta de público, caso do Gero, o Piselli, do empresário Juscelino Pereira, acaba de abrir as portas de seu Piselli na capital federal.

Nos escombros, aliás, do Gero, no shopping Iguatemi.

“Minha trajetória tem um ‘quê’ de Brasília. Fui batizado em homenagem ao presidente JK (Juscelino Kubitschek), de quem meu avô foi cabo eleitoral e falava sempre”, disse em entrevista a PODER Online.

“Não tinha como não ter um Juscelino em Brasília.”

Juscelino, que começou de baixo, como chapeiro, garçom e finalmente maître antes de se tornar proprietário,  pode até não participar, mas entende de política e foi para ela que se preparou. O treinamento da equipe foi específico: não se ouve, não se interrompe e, de forma nenhuma se repassa o que é falado nas mesas do salão.

Com duas semanas de funcionamento, o Piselli do Iguatemi Brasília já recebeu o governador do DF, Ibaneis Rocha, o ministro da Economia, Paulo Guedes, e três embaixadores, entre eles o recém-aposentado representante dos Estados Unidos, Todd Chapman.

Sem exageros, o menu é compatível com o tíquete-médio esperado para a cidade (entre R$ 150 e R$ 170), mas traz particularidades que só se encontram na unidade de Brasília. A entrevista completa com a nova sensação da gastronomia de Brasília, abaixo.

PODER Online – Grandes nomes de São Paulo se aventuraram em Brasília e, após alguns anos, fecharam as portas. Por que você Brasília?

Juscelino Pereira – Minha história tem um quê de Brasília, meu nome é uma homenagem ao JK. Meu avô foi cabo eleitoral dele, um estudioso sobre JK, então, cresci ouvindo as histórias, falando sobre política… Não tinha como não ter um Juscelino em Brasília. O restaurante foi feito também pensando nesse público [os políticos], por isso temos ambientes reservados. A grande novidade é a sala JK, que pode ser 100% fechada. Grandes decisões já aconteceram no Piselli de São Paulo e eu espero que o mesmo aconteça em Brasília.

PODER Online – A expectativa é de um tíquete-médio elevado? Maior que em São Paulo?

JP – Está todo mundo mais comedido, não tem mais extravagâncias nas mesas dos restaurantes. O tíquete-médio projetado para Brasília é o mesmo projetado para São Paulo, de R$ 150 a R$ 170. Mas é claro que temos rótulos de [vinho de] até R$ 5 mil, para atender realmente todo o tipo de público.  

PODER Online – Considera que Brasília é hoje um polo gastronômico maior que o Rio, por exemplo?

JP – Com certeza, Brasília é a segunda capital do Brasil nesse nosso negócio, lugar que era do Rio. Eu sempre tive esse sonho. Antes mesmo de abrir o Piselli em São Paulo, há quase 17 anos, queria ter um restaurante em Brasília. Quando o Iguatemi me convidou para ocupar o espaço do Gero, renasceu esse meu sonho. Fui pelo lado da razão, pois é um bom mercado, mas com um punhado de emoção. Espero ter uma história longa e produtiva. 

PODER Online – Teme que o Piselli possa ter o mesmo fim do Gero e de tantos outros restaurantes icônicos na capital, frequentados por políticos, como o Piantella? 

JP – De forma nenhuma. Quando abri o Piselli em São Paulo, era um bistrô que estava para fechar. O mesmo aconteceu quando abrimos o ponto onde funcionava o Gero no Iguatemi de São Paulo. E é a mesma coisa que fizemos agora em Brasília: uma renovação para otimizar o crescimento. Daí pra frente, não se pode ficar parado e a ideia é inovar sempre. 

PODER Online – Que prato acredita que fará mais sucesso na capital?

JP – Temos alguns ícones do Piselli, como o ravióli de pera com mel e trufa, o preferido das mulheres. Nossas massas, frescas e feitas na cozinha do restaurante, fazem muito sucesso. A novidade para Brasília é um menu que faz homenagem à Toscana que só tem lá, com porchetta fatiada, javali desfiado… 

PODER Online – A vida pública nem sempre é compatível com os agitos de uma vida social; políticos querem discrição. Por isso, em Brasília, há muitos restaurantes que oferecem jantares em casa, com chefs e garçons, isso é uma possibilidade para vocês?

JP – Faremos delivery a partir de agosto. A demanda de eventos exclusivos, com essa equipe particular, com certeza vai acontecer, mas ainda precisamos fazer o treinamento. Devemos pensar nisso ano que vem. 

PODER Online – O serviço em Brasília precisa ser mais cuidados, nessa questão de treinamento, do que se ouve, etc?

JP – Certamente o Piselli de Brasília tem ‘aquilo a mais’. O serviço não pode ser inconveniente, o garçom não pode incomodar. É até por isso que fizemos essa opção de mesa privada, em sala fechada. A nossa expectativa é que grandes decisões sejam tomadas no nosso restaurante e, para isso, tudo precisa ser impecável.

PODER Online – Você se preocupa com a concorrência? Brasília tem muitos restaurantes novos. 

JP – Por estarmos em São Paulo, que é um mar de concorrência, a gente presta atenção em tudo para ficar num nível elevado. Afinal, o cliente circula em todos os lugares. Queremos ter o bom nível que a cidade merece e oferece. Meu perfil é agregador, quero ser amigo de todo mundo, acredito que um ajuda o outro, não estou com medo da concorrência, quero ser amigo dos concorrentes.