A criação de uma nova comissão na Câmara dos Deputados para analisar a reforma tributária é uma mensagem clara do presidente Arthur Lira (PP-AL): vai fazer do jeito dele. Lira irritou-se com o movimento de Aguinaldo Ribeiro (PP-PB) de esconder dele o parecer sobre o tema e de atrasar a entrega do texto.
Usou, portanto, o argumento de “excesso de prazo” para jogar no lixo todo o trabalho do colega.
De fato, o relatório levou mais de 600 dias para ficar pronto, mas nos corredores da Câmara o assunto é que foi justamente o “dia a mais” que fez Lira perder a paciência de vez.
Além disso, Lira, que havia prometido a relatoria a um aliado que atuou em seu favor durante a campanha para a presidência da Câmara, disse a amigos que “é natural” privilegiar os mais chegados. Afinal, Aguinaldo, que chegou a concorrer contra ele nas eleições de fevereiro, saiu de cena para apoiar a chapa de seu maior rival à época, Baleia Rossi (MDB-SP).
Um dos nomes para a função de relator da nova comissão é o de Luís Miranda (DEM-DF).
Ao apresentar seu trabalho em três horas de leitura maçante, Aguinaldo defende “ter trabalhado incansavelmente para encontrar uma solução que conseguisse um consenso” entre os parlamentares, sem esquecer de privilegiar os pedidos do governo.
Um deles foi a extinção de um conjunto de impostos, PIS, Cofins, IPI, ICMS e ISS, que seriam substituídos pelo novo IBS (Imposto de Bens e Serviços), uma simplificação tributária ensaiada em conjunto com o ministério da Economia.
Aguinaldo tem dito em conversas fechadas que “uma briga assim seria algo muito complicado” e poderia trazer problemas internos no partido, segundo apurou PODER Online.
Lira e Aguinaldo, vale a pena frisar, são do mesmo PP.