Comissão é instalada com tentativas de sabotagem e paulada na Lava Jato

Randolfe Rodrigues e Renan Calheiros || Crédito: Edilson Rodrigues/Agência Senado

Governistas tentam fazer valer decisão judicial contra Renan Calheiros, mas fracassam e o veem ganhar a relatoria; em seu discurso, senador alagoano fala que CPI não “arquitetará teses sem provas”

Com um discurso cheio de frases bombásticas e se contrapondo o tempo todo ao “obscurantismo”, à “agenda da morte”, ao “negacionismo”, à “barbárie”, à “mentira”, à “inépcia” e muitos outros supostos antípodas, o senador Renan Calheiros (AL) tomou posse como relator na CPI da Covid-19, instalada nesta terça (27).

Antes da eleição do presidente Omar Aziz (PSD-AM), que imediatamente ao tomar posse fez de Renan relator, houve gestões dos senadores governistas no intuito de adiar a constituição da CPI – ou mesmo derrubá-la –, enquanto valesse uma decisão do TRF contra Renan, em ação movida pela deputada Carla Zambelli (PSL-SP).

Em seu longo discurso, Renan distribuiu pancadas até para o MPF e para o juiz Sergio Moro, dizendo que a CPI será pautada nas “provas”. “Não somos discípulos de Deltan Dallagnol, nem de Sergio Moro. Não arquitetaremos teses sem provas ou PowerPoints contra quem quer que seja. Não desenharemos o alvo para depois disparar a flecha. Não reeditaremos a República do Galeão.”

Ao citar a República do Galeão, Renan aludiu à investigação heterodoxa comandada pela Aeronáutica que resultou na prisão de Gregório Fortunato, o segurança pessoal de Getúlio Vargas, e, por fim, no próprio suicídio de Vargas, em 1954.

“O país tem direito de saber quem contribuiu para as milhares de mortes e eles devem ser punidos emblematicamente.”

Antes do grande personagem desta CPI fazer seu discurso, Omar Aziz mostrou estilo de grande objetividade ao indeferir questão de ordem de Jorginho Mello (PL-SC), questão que ele já havia apresentado – “falou por meia hora”, disse Aziz – no intuito de derrubar a CPI.

Os governistas saíram perdendo, mas mostraram eloquência com seu muro de defesa com Ciro Nogueira (PP-PI), Luis Carlos Heinze (PP-RS), Marcos Rogério (DEM-RO), Izalci Lucas (PSDB-DF) e Eduardo Girão (PODE-CE).

Por fim, houve discussão acalorada sobre a ordem de convocação dos vários ex-ministros de Saúde de Jair Bolsonaro – há os que querem Pazuello já, há os que preferem seguir uma ordem cronológica, a partir de Luiz Henrique Mandetta.