Tudo (não) está no seu lugar: Marun deixa conselho de Itaipu em movimento que pode antecipar desembarque do MDB do governo

Carlos Marun || Crédito: Najara Araujo/Câmara dos Deputados

Posição do mais fervoroso defensor de Michel Temer era vitalícia; retirada de apoio do MDB ao governo passa pela saída de senadores líderes do governo no Congresso e no Senado

A saída do ex-deputado federal Carlos Marun do conselho de Itaipu, anunciada nesta quinta-feira (8), revela bem mais que a vontade do ex-ministro de Michel Temer de voltar à política, como justificou oficialmente.

Com o enfraquecimento dos índices de popularidade do presidente Jair Bolsonaro, a leitura é de que o eterno MDB está a passos – talvez metros, quem sabe quilômetros – de  desembarcar do governo.

E, de fato: a legenda estuda um plano B para as eleições presidenciais do ano que vem, e esse B pode não ser a inicial de um dos competidores.

Um dos caciques do partido disse a PODER Online que “algumas divergências [com o governo] estão claras, e a ideia é deixar cargos estratégicos antes de eles serem tomados”.

A tal saída honrosa.

Mas a justificativa, de qualquer forma, não se aplica à defecção de Marun de uma posição, aliás, que era vitalícia. Ele saiu por, digamos, ideologia.

“Não faz sentido eu estar em um lugar, quando meu direcionamento aponta para outro”, disse a PODER Online.

Vale lembrar, no entanto, que a briga entre o partido e o Planalto só irá ficar séria mesmo quando o MDB pedir as contas em dois cargos que hoje ainda argamassam a relação: a liderança do governo no Senado, ocupada por Fernando Bezerra Coelho (PE), e a liderança do governo no Congresso, à cargo do também senador Eduardo Gomes (TO).

Marun, para quem não está ligando a pessoa à body language, foi o grande soldado da tropa-de-choque de Michel Temer, e fez a famigerada dancinha ao som de Benito de Paula quando a Câmara votou pela preservação do mandato do ex-presidente, ameaçado pelo escândalo do “tem que manter isso, viu?”.