Diplomatas em serviço no exterior sofrem com redução de verba do ministério

Palácio Itamaraty || Crédito: Marcello Casal Jr/Agência Brasil

Desvalorização do real e redução do orçamento do ministério das Relações Exteriores impedem remoção de profissionais e dificulta pagamento de seus salários

Comunicado que chegou nesta sexta (12) aos servidores do ministério das Relações Exteriores informa que o plano de remoção que estava previsto para março foi suspenso, com retomada prevista até junho. Ou seja, quem está em missão fora do país deve ali permanecer.

Na carreira diplomática, é hábito ficar três ou quatro anos trabalhando em um mesmo posto. Existem posições top (A, B, C) e aquelas que ninguém quer. O problema, claro, está nestas últimas.

Diplomatas no Iraque e em Mianmar, por exemplo, não estão muito a fim de criar raízes nesses destinos. Além da falta de segurança, muitos reclamam de atraso de salários, ainda que locais de instabilidade política – Mianmar acabou por sofrer um golpe de estado – possam significar gratificações melhores.

Mas se o dinheiro não chega, “e daí?” como diria uma conhecida autoridade de Brasília.

O limite para o trabalho no exterior é de 10 anos. Depois disso, impreterivelmente, o diplomata precisa voltar ao Brasil e ficar por aqui ao menos dois anos.

Quem está louco para voltar se depara com outra dificuldade: o MRE está sem verba para bancar a mudança dos servidores. Sim, o gasto é pago pelos cofres públicos, mas, com a alta do dólar, o orçamento encolheu, respingando até no atraso dos aluguéis.

Espera-se que a Comissão Mista de Orçamento (CMO) do Congresso Nacional, que deverá definir o orçamento de 2021 até o fim de abril, dê conta dessa situação.

Difícil falar que “sextou” hoje no MRE.