“Eu sou você amanhã”. Eis o slogan publicitário de um destilado cujo nome virou verbete do dicionário político brasileiro. Orloff, e, por tabela, “efeito Orloff”.
A expressão foi muito utilizada nos anos 1990, quando a crítica econômica brasileira olhava para a Argentina e via o caos se aproximando do Brasil.
Bem, sem mais narizes-de-cera. A prisão do deputado federal Daniel Silveira (PSL-RJ), na noite de terça (16), por determinação do ministro Alexandre de Moraes, do STF, inquieta seus colegas, temerosos do Efeito Orloff.
O crime que o ministro do STF viu como inafiançável não o é para muitos da Câmara.
“A fala do deputado é gravíssima. Não coloca em xeque só a honra dos ministros do Supremo, é muito mais do que isso. É um crime contra as instituições democráticas. É um crime contra a estabilidade institucional e a relação de independência e harmonia entre os Poderes”, afirmou o vice-presidente da Câmara, o deputado Marcelo Ramos (PL-AM), como registrou nesta manhã o jornal O Estado de S.Paulo.
O tema será discutido às 13h hoje, em reunião de líderes convocada pelo presidente Arthur Lira (PP-AL).
Deputados estão correndo para evitar a prisão de Daniel, como fizeram com Flordelis (PSD-RJ), acusada de mandar matar o marido por envenenamento. Longe do xilindró, zanza por aí de tornozeleira eletrônica.
Antes de Daniel Silveira, apenas quatro deputados federais foram presos no exercício do mandato desde a Constituição de 1988: João Rodrigues (PSD-SC), em 2018; Celso Jacob (MDB-RJ), em 2017; Paulo Maluf (PP-SP), em 2017 e Natan Donadon (MDB-RO), em 2013