Jair Bolsonaro: o atual presidente apoiou-se bastante no futebol na primeira metade de seu mandato. Das camisas usadas nas lives de quinta-feira – teve até da Portuguesa –, à patética cena em que impeliu o então ministro da Justiça, Sergio Moro, a vestir uma camisa do Flamengo por sobre o terno para ver um jogo do time carioca em Brasília, o homem definitivamente gosta das quatro linhas. Na sua disputa pessoal com a TV Globo, o futebol também é protagonista, e ver o SBT de seu aliado Silvio Santos passar a ter os direitos de transmissão da Copa Libertadores virou motivo de festa. O presidente também foi lembrado e recebeu “um abraço” do locutor André Marques, da TV Brasil, controlada pelo ministério das Comunicações, quando a emissora estatal transmitiu o jogo Peru e Brasil, em outubro, pelas eliminatórias da Copa de 2022. O envio do “abraço” ao presidente foi uma ordem expressa do secretário Fábio Wajngarten e, claro, pegou mal nas redes sociais
Fernando Henrique Cardoso: o sociólogo transformado presidente nunca teve o futebol como afinidade eletiva, mas não era desses de rasgar dinheiro, ou melhor, de esnobar o peso simbólico de uma vitória esportiva. E ela veio, na campanha do penta, na copa de 2002. Mas o desgaste do fim de seu segundo mandato – FHC foi o primeiro presidente a se beneficiar do instituto da reeleição – não conhecia antídotos, e a campanha na Ásia dos meninos da família Felipão não impediria o fluxo dos acontecimentos – os 14 anos de Lula e Dilma. Na celebração do penta, ao chegar ao Brasil, o volante Vampeta cavou um lugar na história ao dar cambalhotas na rampa do palácio do Planalto. FHC preferiu apenas aplaudir.
Garrastazu Médici: da linha duríssima dos generais-presidentes, Médici tem uma foto icônica de sua ligação com o futebol, com um radinho de pilha colado na orelha vendo uma peleja no estádio. Ele gostava da paixão nacional – esportiva, bem entendido – e quis interferir na convocação da seleção que logo traria o tri no México, “sugerindo” a convocação do centrovante Dario, o “Dadá Maravilha”. Mas o técnico era João Saldanha, o jornalista e militante do Partido Comunista Brasileiro que havia classificado o país nas eliminatórias e não admitia interferências em seu trabalho. É famosa a frase “o presidente escala o ministério que eu escalo meu time”. O final da história é conhecido: Saldanha caiu, Dadá foi convocado por seu sucessor, Zagallo, mas o centroavante do Atlético-MG não entrou em campo no México.